quinta-feira, 28 de março de 2013

FAO anuncia que 2014 será o Ano Internacional da Agricultura Familiar


A ONU declarou 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF 2014). O objetivo é sensibilizar governos e sociedades sobre a importância e a contribuição da agricultura familiar para a segurança alimentar e a produção de alimentos. A informação foi divulgada no último Boletim de Agricultura Familiar da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO).


Segundo o chefe de Políticas da FAO, Salomon Salcedo, o setor é um dos pilares da segurança alimentar regional: “80% das propriedades na América Latina e no Caribe fazem parte da agricultura familiar. O setor gera cerca de 70% do emprego agrícola na região”, afirmou.



Para organizar as suas atividades do Ano, foi criado o Comitê Mundial de Acompanhamento do AIAF 2014, com a participação de 12 Estados-Membros, além de representantes de agências da ONU, do Fórum Mundial Rural, da União Europeia, de organizações de produtores e do setor privado.



Segundo a FAO, considerando apenas os países do Mercosul, o setor emprega diretamente cerca de 10 milhões de pessoas. Ele também é fundamental em termo de produção: no Brasil, é responsável por 38% da produção agrícola; 30% no Uruguai; 25% no Chile; 20% no Paraguai e 19% na Argentina.



Entretanto, houve um declínio acentuado nos gastos públicos em agricultura nos países em desenvolvimento, particularmente na América Latina e no Caribe. Nesta região, os gastos públicos totais em agricultura caíram de 6,9% em 1980 para 1,9% em 2007. Esta relação é de fato a mais baixa entre todos os países em desenvolvimento e contrasta com figuras como o Leste da Ásia e o Pacífico (6,5%), além do Sul da Ásia (4,9%).



Salcedo ressaltou que os governos devem proporcionar um ambiente favorável para que os produtores aumentem seu investimento e produção no setor, combinando a antiga sabedoria dos agricultores familiares com a evolução tecnológica moderna.


28/03/2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Biotecnologia reduz uso de água na agricultura


Plantas geneticamente modificadas (GM) favorecem o uso racional do recurso natural no campo e novas pesquisas apontam para ganhos de eficiência ainda maiores


Garantir que mais pessoas tenham acesso à água potável está entre os Objetivos do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o último relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) quase 800 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a de água própria para beber. A aplicação de tecnologia em diferentes atividades é uma das maneiras de contribuir para racionalizar e distribuir este recurso natural. De acordo com levantamento feito pelo Water Resources Group, a agricultura é responsável por aproximadamente 71% do consumo de água em todo o planeta (o equivalente a 3,1 bilhões de m³). Por essa razão, muito se investe no aperfeiçoamento de técnicas agrícolas para preservar não somente os recursos hídricos, mas também os naturais.



A biotecnologia pode ajudar nesse uso sustentável por meio do desenvolvimento de variedades de plantas geneticamente modificados (GM) resistentes à seca ou cujas características diminuam o uso de defensivos químicos e, consequentemente, de água. No Brasil, os atuais eventos transgênicos disponíveis já trazem esse benefício. Segundo um estudo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) e da Céleres Ambiental, os atuais eventos podem representar uma economia de aproximadamente 134 bilhões de litros de água entre 2010 e 2020. Essa quantidade seria suficiente para abastecer as cidades de Recife e Porto Alegre por um ano. Adicionalmente, já existem no País pesquisas com cana, soja e trigo geneticamente modificados (GM) para serem resistentes a estresses hídricos.



Sem o uso de tecnologia para aumentar a eficiência do uso de água no campo, em 2030 o setor primário será responsável pelo consumo de 4,5 bilhões de m³ de água, um aumento de 45% em relação a o que é gasto hoje. Adicionando a este número o uso industrial e doméstico, o total será de aproximadamente 7 bilhões de m³.


25/03/2013

quinta-feira, 14 de março de 2013

“Competitividade do agronegócio passa pela biotecnologia” – Entrevista





“Competitividade do agronegócio passa pela biotecnologia” – Entrevista
O Portal Agrolink entrevistou com exclusividade a diretora-executiva do CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), Adriana Brondani.

Agrolink - O Brasil finalmente venceu o preconceito contra a transgenia?

Adriana Brondani - Os brasileiros vêm, ao longo dos anos, reconhecendo os benefícios do uso de tecnologia nas mais diversas áreas, inclusive na agricultura e na alimentação. O monitoramento de publicações e manifestações online sobre transgênicos realizado pelo CIB mostra que, em maio de 2010, a reação à palavra transgênico era majoritariamente negativa (68%). Dois anos depois, em maio de 2012 a reação do público à mesma palavra já estava equilibrada, com 50% de reações positivas. 

O que aconteceu entre esses dois períodos é o mesmo que vem acontecendo desde a fundação do CIB, as pessoas estão tendo mais acesso a informações técnicas e científicas e, com isso, percebendo que a transgenia é uma tecnologia altamente regulamentada e que um produto geneticamente modificado (GM) é tão seguro quanto suas variedades convencionais. O último Trust Barometer, estudo feito pela consultoria Edelman e que mede a confiança das pessoas nas instituições, divulgado em março de 2013, reitera essa análise. 

O levantamento mostra que, de maneira geral, o público informado tende a confiar mais nas informações do que o público não informado. Além disso, a maior prova da confiança dos brasileiros na biotecnologia é a expressiva adoção de sementes GM na agricultura, 89% da soja plantada no Brasil é transgênica, 76% do milho e 50% do algodão. De acordo com o mais recente relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), o Brasil cultivou em 2012 36,6 milhões de hectares de variedades transgênicas. Esse desempenho coloca o País em segundo lugar no ranking de adoção, atrás apenas dos Estados Unidos. 


Agrolink - É possível afirmar que a agricultura precisa dos transgênicos para manter e melhorar sua performance?

Adriana Brondani - O objetivo de todas as tecnologias geneticamente modificadas (GM) já colocadas no mercado até agora é exatamente este: aumentar a performance na agricultura. Os 36 eventos agronômicos aprovados no Brasil hoje tem características agronômicas como a resistência a insetos, a tolerância a herbicidas ou as duas características combinadas. Essas são características que melhoram o desempenho das plantas no campo, facilitando o manejo, reduzindo perdas, assim, aumentando a produtividade.


Agrolink - Como os transgênicos podem ser decisivos para solucionar o problema da fome no mundo?

Adriana Brondani - O planeta hoje tem mais de 7 bilhões de habitantes. A previsão é que até 2025 sejamos 8 e, até o fim do século, 10 bilhões de habitantes. Uma das questões que esse crescimento populacional impõe é como alimentar esse número de indivíduos de maneira sustentável. O crescimento na produção de alimentos terá que ser acompanhado pelo aumento dos índices de produtividade no campo. O Brasil pode liderar este processo investindo em modificação genética. 

Por meio da biotecnologia podemos conseguir variedades de plantas mais resistentes, adaptadas, nutritivas e produtivas, o que reduziria a pressão por novas áreas agrícolas e contribuiria para a sustentabilidade. Certamente, a biotecnologia é mais uma ferramenta para aumentar a oferta de alimentos em consonância com práticas sustentáveis e preservação do meio ambiente. 

Contudo, serão necessárias ações integradas, que proporcionem mudanças nos sistemas de produção. Para tanto, é importante que se olhe para essa questão de maneira pragmática: a agricultura comercial, conduzida com padrões elevados de produtividade e qualidade, é uma parte fundamental do desafio de prover alimentos, fibras e biocombustíveis para todos os mercados. 


Agrolink - Como a agricultura brasileira pode crescer ainda mais com a biotecnologia?

Adriana Brondani - A competitividade do agronegócio, particularmente o tropical, passa pela aplicação dos conceitos e ferramentas da biotecnologia moderna para a superação de limitações e para adição de novas funcionalidades à produção agropecuária. A introdução de novas características e novas variedades pode aumentar a produtividade e a variabilidade dos gêneros agrícolas brasileiros, contribuindo para o crescimento do setor primário. 

Agrolink - O que se pode esperar da biotecnologia para o futuro? 

Adriana Brondani - No curto prazo, devem ser adicionadas às variedades já disponíveis (soja, milho, algodão, canola, entre outros) resistências a outros insetos, tolerância a outros herbicidas e combinar diversas dessas características visando uma semente cada vez mais protegida. 

No médio prazo, já é possível pensar na modificação genética de outras variedades (a exemplo da cana-de-açúcar, eucalipto, cítricos, trigo, arroz) com características agronômicas e também resistência a estresses abióticos (como tolerância a seca e resistência a solos com alto teor de salinidade). Para o futuro, ainda há a perspectiva de desenvolvimento de plantas com teor nutricional aumentado e que produzam substâncias com diferentes usos. 

É importante ressaltar, entretanto, que para o contínuo desenvolvimento da biotecnologia é preciso reconhecer a autoria das tecnologias geradas depois de anos de muita pesquisa e investimento. É graças ao sistema de remuneração de tecnologias como a modificação genética que é possível criar um modelo de negócios sustentável, também do ponto de vista econômico, que permita reinvestimento em novas pesquisas. A proteção intelectual pode ser utilizada como ferramenta para a criação de um círculo virtuoso de pesquisa, desenvolvimento e inovação. 

13/03/13
Autor: Leonardo Gottems

quarta-feira, 6 de março de 2013

Onde foi parar o aquecimento global?


A revista alemã Der Spiegel, o mais importante semanário do país, sempre foi uma das principais divulgadoras europeias dos cenários alarmistas sobre as mudanças climáticas. Por isso, quando o seu editor de Ciências escreve um artigo sobre a perplexidade de alguns cientistas diante da falta de correspondência entre os prognósticos dos modelos climáticos e os fatos observados no mundo real, convém prestar atenção.
frio
O artigo do jornalista Alex Bojanowski, publicado na edição online da revista, em 18 de janeiro tem o emblemático título «Pesquisadores Confusos Sobre Calmaria no Aquecimento Global». O autor é um dos ases do corpo editorial da revista, sendo detentor de um diploma de Geologia, tendo trabalhado na Áustria, Suíça e Reino Unido, além de ser também colunista da revista científica Nature Geoscience, que publica regularmente artigos sobre temas climáticos.
O texto de Bojanowski trata das repercussões do fato amplamente reconhecido de queas temperaturas globais deixaram de subir desde 1998, a despeito de as emissões de carbono provenientes dos combustíveis fósseis continuarem a subir e as concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera continuarem aumentando. No trabalho ele sintetiza as questões fundamentais:
«Quão dramático é, de fato, o aquecimento global? Pesquisadores da NASA têm demonstrado que o aumento das temperaturas fez uma pausa de 15 anos. Existem várias explicações plausíveis de por que o aquecimento global se interrompeu. Entrentanto, o número de palpites também mostra quão pouco se entende o clima.»
Em seguida, vai ao cerne do problema:
(…) «Há algum tempo, é de conhecimento público que o clima tem se comportado de forma diferente do previsto [pelos modelos climáticos - N. dos E.]. O aquecimento está estagnado há 15 anos; a tendência de alta nas temperaturas médias globais não tem prosseguido desde 1998.»
«A parada tem gerado a sugestão de que o aquecimento global se interrompeu» — admite a NASA.
Recentemente, o Serviço de Meteorologia britânico [Met Office] prognosticou que a interrupção no aquecimento poderá continuar até o final de 2017 – a despeito do rápido aumento nas emissões de gases de efeito estufa. Então, o aquecimento global terá se interrompido por 20 anos. Quantos anos – é uma pergunta agora comum – a calmaria de temperaturas terá que durar para que os cientistas climáticos comecem a reconsiderar os seus prognósticos de aquecimento futuro? (…)
Ele mesmo chega à conclusão óbvia:
«Agora, temos 15 anos sem aquecimento. A estagnação das temperaturas superficiais médias globais demonstra que as incertezas nos prognósticos climáticos são surpreendentemente grandes. Agora, o público aguarda em suspense para ver se o próximo relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], que deverá sair em setembro, irá discutir a pausa no aquecimento.» (…)
Bojanowski passa, então, a discutir algumas das explicações apresentadas para o aparente “sumiço” do aquecimento global: absorção de calor pelos oceanos; redução da umidade da estratosfera; efeito das emissões de gases na Ásia; e resfriamento do Oceano Pacífico.
Para seu crédito, ele destaca que até mesmo o IPCC admite um conhecimento limitado sobre certos fatores intervenientes na dinâmica climática:
♦ «a influência da radiação solar na formação de nuvens; o ciclo da água: em particular, a influência do vapor d’água, um gás de efeito estufa [na verdade, o principal], nas temperaturas; o efeito das partículas emitidas pela indústria, aquecimento e veículos, oceanos, vulcões e solos: as partículas servem como núcleos de formação de nuvens.» (…)
Em contraste com as evidências físicas reais, Bojanowski apresenta o único argumento que resta aos “aquecimentistas”:
«Os pesquisadores têm mais confiança nos prognósticos de longo prazo. Estes prognósticos se baseiam, essencialmente, no efeito estufa do CO2, a assim chamada sensibilidade climática. Numerosos estudos mostram que uma duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera, devido ao aumento da formação de vapor d’água [sic], provavelmente, levará a um aquecimento entre 2 e 4,5 graus centígrados.»
O artigo de Bojanowski (que parece ter esquecido o que aprendeu no curso de Geologia sobre as mudanças climáticas do passado geológico) reflete a perplexidade que se espalha entre os meios científicos, empresariais, ativistas ambientais, governos e mídia europeus, diante do cada vez mais evidente descompasso entre os cenários “aquecimentistas” e a dinâmica climática. Ironicamente, enquanto o aquecimento global tira férias, aumenta a preocupação dos círculos de interesses que gravitam ao redor desse cenário anti-científico, com a preservação dos múltiplos benefícios que têm extraído dele, na casa das centenas de bilhões de dólares, distribuídos entre o mercado de créditos de carbono, equipamentos e serviços de seqüestro e captura de carbono, mecanismos de “desenvolvimento limpo”, verbas de pesquisa, conclaves internacionais e uma vasta coleção de et cetera.
Quiçá, se as temperaturas continuarem se recusando a subir, nos próximos anos, grande parte desses círculos terá que procurar atividades mais sintonizadas com o mundo real, tanto em termos científicos como econômicos.

Movimento de Solidariedade Íbero-americana
24/01/2012
Adaptado por HUSC

terça-feira, 5 de março de 2013

Agrotóxicos sem veneno

Pragas e doenças ameaçam a produtividade das lavouras em todo o mundo


Pragas e doenças ameaçam a produtividade das lavouras em todo o mundo. No combate a esses organismos danosos, produtores Rurais recorrem ao uso de defensivos Agrícolas, que, por sua vez, afetam o meio ambiente. Seria possível praticar agricultura sem agroquímicos? Dificilmente.


No bê-á-bá da agronomia se aprende que um inseto somente pode ser considerado uma praga se causar danos econômicos às plantações. Isso porque, na natureza bruta, folhas e grãos são normalmente mastigados pelos bichinhos, que se reproduzem no limite estabelecido por seus predadores naturais. Quando, por qualquer motivo, se rompe o equilíbrio do ecossistema, altera-se a dinâmica das populações envolvidas naquela cadeia alimentar. Advêm problemas ecológicos.


Tudo começou quando, há cerca de 10 mil anos, a população humana se tornou sedentária. Surgiu daí a agricultura, inicialmente nos deltas fluviais, provocando os primeiros desequilíbrios ambientais. Pragas e doenças são relatadas desde essas remotas origens da civilização. Gafanhotos nas plantações, pestes no rebanho e piolho nos campos se encontram entre as dez pragas bíblicas do Egito.


Cinzas de madeira foram os primeiros defensivos Agrícolas. A partir de 1850, quando a população humana já atingira seu primeiro bilhão, alguns produtos químicos, como o arsênico e o mercúrio, começaram a ser utilizados. Muito tóxicos,acabaram abandonados. Em 1930, os habitantes da Terra chegavam aos 2 bilhões. Foi quando se descobriu a ação inseticida do DDT, derivado do cloro, utilizado na saúde pública para combater os insetos transmissores de doenças. Somente nos anos de 1960, quando a explosão populacional elevou para 3 bilhões a espécie humana, os defensivos químicos passaram a ser utilizados em grande escala no campo.


Em 1962, a bióloga norte-americana Raquel Carson publicou seu extraordinário livro Primavera Silenciosa, mostrando que ovos de pinguins da Antártida continham resíduos de pesticidas clorados. O alerta forçou os governos a atuar e obrigou a indústria a evoluir. Persistentes no meio ambiente, a primeira geração de produtos agrotóxicos clorados acabou mundialmente banida. Desde 1985 encontram-se proibidos no Brasil.


Nessa época, organizados na Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo (Aeasp) e liderados por Walter Lazzarini, os profissionais exigiram leis mais rígidas para regular o uso e a aplicação dos agrotóxicos, incluindo, à semelhança dos médicos, a exigência da receita agronômica para a venda desses insumos. Nossa palavra de ordem era o "uso adequado e correto" dos defensivos Agrícolas, não sua proibição total. O foco residia na agricultura de qualidade. Saímos vitoriosos.


Pois bem, Nem o aumento dos humanos, que já ultrapassaram 7 bilhões de habitantes, nem a expansão rural,que já ocupa 37% da superfície da Terra, cessaram. Embora a tecnologia tenha conseguido notáveis sucessos, o vetor básico continua atuando: novas bocas para alimentar exigem mais alimentos, que pressionam o Desmatamento, que aumenta o desequilíbrio dos ecossistemas, que favorece o surgimento de pragas e doenças. Trajetória da civilização.


A safra brasileira tem batido recordes, ampliando o uso de defensivos Agrícolas. Além do mais, nos trópicos o calor e a umidade favorecem o surgimento de pragas e doenças nas lavouras. Graças, porém, ao desenvolvimento tecnológico, nos últimos 40 anos se observou forte redução, ao redor de 90%,nas doses médias dos inseticidas e fungicidas aplicados na roça. Quer dizer, se antes um agricultor despejava dez litros de um produto por hectare, hoje ele aplica apenas um litro. Menos mal.


Fórmulas menos tóxicas, uso do controle biológico e integrado, métodos de cultivo eficientes, inseticidas derivados de plantas, vários elementos fundamentam um caminho no rumo da sustentabilidade. Os agroquímicos são mais certeiros, menos agressivos ao meio ambiente e trazem menores riscos de aplicação aos Trabalhadores Rurais. Nada, felizmente, piorou nessa agenda.


Surge agora, nos laboratórios, uma geração de moléculas que atuam exclusivamente sobre o metabolismo dos insetos praga, bloqueando sinais vitais.Funcionam de forma seletiva, combatendo-os sem aniquilar os predadores naturais, nem afetar insetos benéficos ou animais mamíferos. No sentido ambiental, configuram-se como pesticidas não venenosos, deixando de ser "agrotóxicos". Sensacional.


Existe, ainda, contaminação de alimentos por agrotóxicos tradicionais. O problema, contudo,difere do de outrora,quando resíduos cancerígenos dominavam as amostras coletadas.Hoje a grande desconformidade recai sobre o uso de produtos químicos não autorizados para aquela Lavoura pesquisada, embora permitidos em outras. Raramente se apontam resíduos químicos acimados limites mínimos de tolerância.


Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, o governo tem sido extremamente lerdo no registro de novos defensivos Agrícolas. Segundo, mostra-se muito onerosa, para as empresas, cada autorização de uso para lavouras distintas.


Resultado:inexistindo produto "oficial" para o canteiro de pimentão,por exemplo,o horticultor utiliza aquele outro vendido para tomate. O problema, como se percebe,é mais agronômico, menos de saúde. 

Muita gente critica os defensivos químicos,considera agrotóxico um palavrão. Mesmo na agricultura orgânica, imaginada como solução milagrosa, todavia, se permite utilizar caldas químicas elaboradas com sulfato de cobre, hidróxido de cálcio e enxofre. 

Resumo da história: na escala requerida pela população, as lavouras sempre exigirão pesticidas contra organismos que as atacam. Importa o alimento ser saudável.

Xico Graziano
O Estado de São Paulo