sexta-feira, 27 de julho de 2012

Jovens rurais requisitam melhoria no sistema de internet no RS



Questões ligadas à inclusão digital; educação rural e profissionalização; geração de renda e cooperativismo; irrigação e políticas públicas foram discutidas no último dia 19 de julho, durante a Marcha Estadual da Juventude que ocorreu em Porto Alegre, iniciativa da Comissão Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Fetag.

Em contato com a reportagem da Rádio Progresso, a coordenadora de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, Josiane Einloft, disse que os governos estadual e federal devem repassar nas próximas semanas resposta sobre as reivindicações da juventude rural, que abrangem temas mencionados anteriormente.

No dia 19, os jovens rurais foram recebidos por cinco secretários estaduais. Josiane Einloft destacou o projeto de inclusão digital como um dos principais pedidos.

Conforme ela, o governo estadual informou que já foi encaminhado projeto e só falta liberação de dinheiro para estender fibra óptica em todo Rio Grande do Sul, o que vai possibilitar acesso à internet especialmente no meio rural, situação atual bastante precária.

Inclusive a própria região de Ijuí aguarda melhorias nesta área. Outro ponto debatido na Marcha da Juventude da Fetag diz respeito à readequação do programa nacional de crédito fundiário.

Josiane Einloft destaca que essa requisição é muito importante, até para manter o jovem no meio rural.

A Fetag pede juros de até dois por cento para compra de áreas de terra, porém há estudo junto ao governo federal para ficar em meio por cento.

Sobre o mesmo assunto, também é reivindicado rebate que chegue a 40 ou 50 por cento para essas aquisições de terra. Já a União sugere entre 18 e 28 por cento.

Rádio Progresso de Ijuí
27/07/2012
http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=170832

domingo, 15 de julho de 2012

Sou pobre, mas sou feliz

Eis o que a presidente Dilma tem a dizer: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e adolescentes. Não pelo seu PIB". Foi o que declarou quinta-feira, durante a 9.ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, justamente no dia em que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) reforçou a percepção de que o sistema produtivo está estagnado. 

Parece uma tirada de conformismo popular: mais importante do que o PIB, e todo o materialismo que carrega com ele, é a Felicidade Nacional Bruta. 

O problema é o falso pouco caso diante da falta de resultados; é o jogo de palavras que tenta justificar um fiasco. A presidente Dilma passou esses meses apostando em que o crescimento da economia deste ano apresentaria desempenho de 4% a 5%, invejável numa paisagem internacional desolada. Não é o que está acontecendo. E o pibinho vai se impondo nas estatísticas. 

A presidente Dilma vem agora à plateia para fazer o jogo do contente. O importante, despista ela, não é o tamanho do PIB, mas a pujança dos indicadores sociais. No entanto, o Brasil está muito longe de ser campeão também nesse quesito. 

Basta um giro pelo centro das principais metrópoles brasileiras para ter uma ideia do abandono em que se encontram crianças e jovens, ainda mais nitidamente no segmento que a presidente Dilma pretendeu focar. 

O desempenho da educação no Brasil é lastimável. O País ocupa hoje o 88.º posto entre os 127 países que compõem o ranking da Unesco, atrás de Equador, Bolívia e Venezuela. Na última avaliação de estudantes feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a participação do Brasil foi um desastre. Entre 65 concorrentes, não passou do 53.º lugar tanto em compreensão de leitura como em ciências e do 57.º, em matemática. 

Alguns imaginam que basta abrir torneiras de dinheiro na educação para que tudo se resolva. O Congresso acaba de aprovar investimento de 10% do PIB para a educação até 2020. Mas todos sabemos que, nesse campo, o problema mais relevante não é a insuficiência de verbas públicas, mas a baixa qualidade do gerenciamento das disponíveis. O aumento de recursos nas instituições que estão aí seria o mesmo que armazenar vinho bom em tonéis deteriorados. O próprio ministro Guido Mantega avisou que, se for adiante, essa decisão "vai quebrar o Estado brasileiro". 

A economia brasileira não enfrenta só consequências da crise global. Está diante do esgotamento do atual modelo de avanço econômico, excessivamente centrado na expansão da demanda, enquanto o lado da oferta foi deixado para trás. 

Nas últimas semanas aumentaram as recomendações de que o governo desista de fazer um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 3,1% do PIB, originalmente calculado em R$ 140 bilhões. Propõem que mais recursos sejam direcionados ao investimento. Mas essa também tem tudo para ser uma má ideia. Primeiramente, porque não é por falta de recursos que os investimentos públicos estão empacados. Isso ocorre por grave deficiência gerencial, o governo não consegue gastar nem as verbas já liberadas. Em segundo lugar, se for para usar parte desse superávit, é alto o risco de que os recursos sejam, outra vez, usados para despesas correntes. 

Por reações como a manifestada pela presidente, vai sendo reforçada a percepção de que o governo perdeu o rumo.


Celso Ming


http://si.knowtec.com/scripts-si/MostraNoticia?&idnoticia=47634&idcontato=8907841&origem=fiqueatento&nomeCliente=CNA&data=2012-07-15

terça-feira, 10 de julho de 2012

Arrozeiros e suinocultores protestam contra crise nos setores


Excedentes de produção e dívidas acumuladas vêm prejudicando produtores gaúchos




Em dois protestos distintos, produtores de arroz e criadores de suínos expuseram as mazelas dos dois setores nesta sexta-feira. Em Santa Rosa, protesto contra o preço baixo pago pela carne. Já em Dom Pedrito e outras cidades produtoras, arrozeiros entregaram nos bancos pedidos de prorrogação de dívidas para o final de outubro.

Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha explica que o problema consiste nas constantes crises do setor. Nos últimos 22 anos, a produção deu prejuízo em 15. Além dos problemas climáticos, os preços são baixos e os custos de produção altos. 

- O volume produzido no país é capaz de abastecer o mercado interno. Mas a Argentina aumentou 90% a produção dela, o Uruguai aumentou 50% e o Paraguai aumentou 300%, nos últimos sete anos. E o custo de produção deles é infinitamente menor. Com isso, vendem arroz para cá por um preço menor - explica Rocha. 

O refinanciamento de R$ 3 bilhões gastos no cultivo da última safra também foi pedido ao Ministério da Agricultura. A medida, aliada à prorrogação dos prazos de financiamentos que vencem agora, faria com que produtores quitassem compromissos mais urgentes, evitando a exclusão dos cadastros de crédito rural. 

- O setor amargou redução de 13 mil para 9 mil contratos de financiamento para arroz. Os produtores recorrem a financiamentos de indústria e programas de troca-troca, com juro mais alto, o que só aumenta a crise - aponta Rocha. 

Suinocultores querem que governo federal compre 10 mil toneladas de carne
O problema dos suinocultores é semelhante. A venda da carne ocorre em menor quantidade devido ao embargo russo e o problema recente com a Argentina, que restringiu a compra do produto brasileiro durante três meses. 

O custo de produção foi elevado devido à alta nas rações, em função do preço do milho e do farelo de soja – produtos base e que estão mais escassos por causa da estiagem.

- Precisamos que aumentem os limites de empréstimo, nos dêem prazos maiores para pagamento de dívidas e que o governo compre cerca de 10 mil toneladas da produção para distribuir através de programas sociais - afirma Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.

Utilizando dois caminhões, o grupo, de aproximadamente 500 pessoas, bloqueou parte da ERS-344, no chamado Trevo do Porquinho, em Santa Rosa. O trânsito foi desviado pelas laterais da pista e segundo a Polícia Rodoviária Estadual não houve engarrafamento. 

O que diz o Ministério da Agricultura
Com relação aos arrozeiros, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está avaliando a questão. Já em relação à suinocultura, o ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho se reuniu com a bancada ruralista do Congresso nesta terça-feira, para discutir medidas de apoio. A proposta do Governo Federal será apresentada na quinta-feira, durante audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado. Entre as medidas está, a prorrogação de dívidas e a criação de uma linha especial de crédito.


Link original da reportagem: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2012/07/arrozeiros-e-suinocultores-protestam-contra-crise-nos-setores-3816972.html

sábado, 7 de julho de 2012

Cooperativismo: o legado e o futuro de um modelo de sucesso


06/07 
Setor garante o abastecimento interno e é uma das alavancas para a internacionalização do agro

Luiz Silveira e Ronaldo Luiz

Aos 68 anos, metade deles como associado da cooperativa Cotrijal, o agricultor gaúcho Olírio Tonezer começa a pensar em sua aposentadoria. O filho Mateus, criado entre a propriedade familiar e os eventos da cooperativa, formou-se em Administração e está assumindo aos 28 anos as principais funções da fazenda. E também da cooperativa: assim como Olírio, que chegou a ser membro do conselho de administração da Cotrijal, Mateus já é líder do núcleo regional da instituição em Colorado (RS).

Em sua propriedade de 60 hectares, a família Tonezer produz milho, trigo, soja, leite e suínos. “As áreas na região não são muito grandes, a maioria é de pequenos produtores que dependem da cooperativa”, diz Olírio. A importância das cooperativas, sobretudo para os pequenos agricultores, foi ressaltada nessa quarta-feira (4), Dia Internacional do Cooperativismo, pela presidente Dilma Rousseff: “no Ano Internacional do Cooperativismo, eu queria cumprimentar as cooperativas de pequenos agricultores, que são responsáveis por transformar a agricultura da pequena propriedade em uma agroindústria”.

As cooperativas agropecuárias assumem diversos papéis para seus associados que, no conjunto, aumentam a eficiência e a distribuição de renda da atividade rural. “O modelo cooperativista deu certo no agro brasileiro porque traz vantagens evidentes ao agrupar vários produtores, como o maior poder de barganha para vender a produção e comprar insumos”, explica o economista Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).

Ainda há um outro benefício que uma cooperativa bem gerida pode trazer para seus associados: as sobras, equivalentes ao lucro das empresas comuns. Embora não tenham fins lucrativos, as cooperativas geram resultados financeiros positivos, que são reinvestidos nela mesma ou divididos entre os cooperados. Essa decisão é tomada por todos eles, em assembleia. “Em todos esses anos, não me lembro de uma assembleia da Cotrijal à qual eu tenha faltado”, recorda Olírio.

A força das cooperativas também se traduz em benefícios para o País como um todo, segundo Fava Neves. “Sem as cooperativas, o agro brasileiro não teria a mesma força. O fortalecimento e a internacionalização das cooperativas são fundamentais para o agro brasileiro, de fato, alçar o posto de celeiro do mundo”, diz o economista. De fato, muitas cooperativas atingiram o nível de grandes empresas agroindustriais. Só a maior delas, a Coamo, de Campo Mourão (PR), faturou R$ 5,5 bilhões em 2011 e ficou em segundo lugar no ranking Melhores do Brasil do jornal Brasil Econômico na categoria Agronegócios e Alimentos.

O produtor levava toda a família para as assembleias e demais atividades da Cotrijal, nas quais os filhos aprendiam mais sobre o cooperativismo com professores. Essa vivência influenciou o filho Mateus. “Ele recusou emprego em várias empresas, inclusive na Cotrijal, porque queria ser produtor rural”, conta Olírio, orgulhoso.

Cooperado ativo, Olírio se afastou das atividades deliberativas da Cotrijal, embora continue exercendo seu papel como associado. “Hoje é tudo mais complicado, como não continuei estudando, é melhor deixar os jovens com mais estudo tocar as coisas.”

Entre os novos desafios que as cooperativas brasileiras precisam enfrentar está a internacionalização. “O principal desafio para as cooperativas é ter mais arrojo internacional. As oportunidades de desenvolvimento da África, por exemplo, passam pelo cooperativismo agrícola, e as cooperativas brasileiras têm que almejar entrar nessa missão”, destaca Fava Neves.

Outro caminho seguido por várias cooperativas, mas que ainda exige esforços, é a criação de marcas de varejo e a agregação de valor. Para Fava Neves, esse desafio inclui melhorar a comunicação dos princípios do cooperativismo, que são valorizados pela sociedade mas que não são enxergados nos produtos dessas instituições: inclusão social, sustentabilidade e comércio justo. “As cooperativas precisam explorar esse diferencial junto aos consumidores”, defende. São jovens como Mateus, técnico agrícola e administrador criado dentro do cooperativismo, que terão que enfrentar essa nova etapa de desenvolvimento.

Sou Agro
http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=170118