O Paraná foi precursor na experimentação desta que é considerada a mais importante tecnologia implantada na agricultura brasileira |
A região de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) é a segunda na história do Plantio Direto no Brasil. A primeira é Rolândia onde o agricultor Herbert Bartz, considerado o “pai do plantio direto no Brasil” fez na safra 1972 o primeiro plantio da história com a importação de uma plantadeira dos Estados Unidos, Allis Chalmers. Depois, vieram os municípios de Campo Mourão (safra 1973), Mauá da Serra (1974) e Ponta Grossa (1976).
Desta maneira, o Paraná foi precursor na experimentação desta que é considerada a mais importante tecnologia implantada na agricultura brasileira. Herbert Bartz foi aos Estados Unidos, conheceu a técnica e a trouxe para o Brasil, que foi difundida para várias regiões produtoras. PRECURSORES - Poucas tecnologias agrícolas têm experimentado um crescimento tão rápido em nível mundial como o plantio direto. Em Campo Mourão, a segunda região no país a praticar o sistema, o pioneirismo foi dos agricultores Joaquim Peres Montans, Antonio Álvaro Massareto e Ricardo Accioly Calderari, Gabriel Borsato e Henrique Gustavo Salonski (in memorian), – cooperados da Coamo. Em 2013, a tecnologia está comemorando 40 anos na região Centro-Oeste do Paraná, com o orgulho de ter sido o segundo município a implantar o sistema no Brasil. INÍCIO – O engenheiro agrônomo Joaquim Mariano Costa, responsável pela Fazenda Experimental da Coamo, em Campo Mourão, conta que o sistema de PD surgiu diante da necessidade de tornar a produção agrícola mais sustentável, buscando minimizar os custos com insumos e otimizar o aproveitamento da área de plantio. “Felizmente, este objetivo foi atingido e está completando 40 anos. Foi o grande acontecimento de exploração agrícola. É o que a ciência agronômica ofereceu de mais importante até hoje, do ponto de vista biológico, químico e físico do solo”, considera Costa. Ele acrescenta que o plantio direto é considerado como a única alternativa para a sustentabilidade da agricultura. VANTAGENS - Com o plantio direto, o agricultor fecha o cerco contra os principais problemas que degradam o solo e ainda incrementa o sistema de produção resultando na melhoria das produtividades e racionalização dos custos. Entre as vantagens estão a garantia de redução da lixiviação de nutrientes (processo de extração de uma substância de sólido por meio da dissolução num líquido) e da erosão superficial do solo, a manutenção da vida microbiológica do solo e a garantia de uma melhor atividade dos adubos químicos e de que todas as reações químicas no solo sejam bem sucedidas. “Além é claro da questão econômica, já que o sistema consiste em reduzir o impacto ambiental causado pela agricultura”, explica. No final da década de 70, a região de Campo Mourão contava com dez mil hectares de PD. Mas, foi a partir dos anos 80 que a tecnologia teve o seu grande momento. “Em 1984 já tínhamos catalogado na região de Campo Mourão cerca de 60 mil hectares de lavouras em PD. Hoje, o sistema ocupa praticamente 100% das áreas de cultivo da região”, comemora Costa. Os precursores do PD na região de CM Os resultados com o PD foram comprovados e melhorados ano após ano. Exemplo eficaz do incremento de produtividades nas lavouras da região com o uso da tecnologia está na propriedade de Joaquim Peres Montans. Ele conta que nunca mais teve suas terras aradas ou gradeadas e que na colheita de 1974 suas produtividades foram de 70 sacas de soja por alqueire, mas atualmente a média supera as 140 sacas por alqueire. “O segredo é a continuidade do sistema e não mexer no solo”, explica Montans. Orgulhoso em fazer parte deste pioneirismo no Brasil, ele afirma que o plantio direto é um revolução para os agricultores. “Hoje, 40 anos depois, com novas variedades e praticando adubação verde, rotação de culturas é uma técnica de vanguarda, podemos elevar ainda mais nossas produtividades”. TERRAS LAVADAS - Quem comemora o sucesso da agricultura com o advento do Plantio Direto é o engenheiro agrônomo Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário da Coamo. “O progresso foi tão grande nos últimos 40 anos que os novos agricultores nem imaginam como eram os solos e a agricultura lá na década de 70”, diz. Calderari lembra que os agricultores na época, tinham duas grandes preocupações: precisavam de chuva, mas quando chovia, às vezes nem precisava ser muito forte, para que as terras fossem literalmente ‘lavadas’ e tudo se perdia, a lavoura e o solo. “Se existe agricultura hoje é porque existe o plantio direto”, conta. Após quatro décadas da sua implantação, o sistema continua safra após safra sendo comemorado pelos agricultores da região de Campo Mourão. Entre os benefícios dele estão a tranquilidade e agilidade no plantio, reserva de umidade no solo, menor custo de produção, maior segurança, germinação uniforme, desenvolvimento das plantas em um mesmo padrão, tolerância ao veranico e, sobretudo, a conservação dos solos, aponta o cooperado Joaquim Montans. SEQUESTRO DE CARBONO – O sequestro de carbono é o processo de transformar o carbono do ar (dióxido de carbono ou CO2) em acumulações de carbono no solo. O dióxido de carbono é absorvido pelas plantas através do processo de fotossíntese, e transformado em material vegetal vivo. Quando as plantas morrem, suas folhas, caules e raízes que têm bases de carbono se deterioram no solo e se transformam em substância orgânica. Para aumentar o sequestro de carbono os produtores rurais podem utilizar diversas práticas, dentre as quais estão a produção sem revolvimento do solo (plantio direto); o aumento na intensidade da rotação de culturas, a manutenção de uma área de transição entre áreas protegidas e a lavoura; medidas de conservação para reduzir a erosão do solo, além de usar cobertura permanente no solo e fazer plantio de culturas que produzam mais resíduos, como milho, sorgo e trigo. Especialistas estimam que 20% ou mais das emissões de CO2 podem ser reduzidas por meio do sequestro de carbono via agricultura. MATÉRIA ORGÂNICA - Além de conservar e proteger o ambiente produtivo, a prática do Plantio Direto, sempre com rotação de culturas e formação de muita palha, aumenta a matéria orgânica no solo em função de vários fatores, elencados pelo engenheiro agrônomo Ricardo Accioly Calderari. “O Plantio direto melhora a estrutura, a qualidade e a produtividade do solo por meio de substância orgânica, reduz a erosão, melhora a qualidade da água. O uso do plantio direto foi determinante para ampliar o potencial do nível de matéria orgânica no solo, por isso é que o sistema é a maior revolução da agricultura e do meio ambiente”, garante Calderari. |
AGROLINK
Da redação
10/05/2013
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