06/07
Setor garante o abastecimento interno e é uma das alavancas para a internacionalização do agro
Luiz Silveira e Ronaldo Luiz
Aos 68 anos, metade deles como associado da cooperativa Cotrijal, o agricultor gaúcho Olírio Tonezer começa a pensar em sua aposentadoria. O filho Mateus, criado entre a propriedade familiar e os eventos da cooperativa, formou-se em Administração e está assumindo aos 28 anos as principais funções da fazenda. E também da cooperativa: assim como Olírio, que chegou a ser membro do conselho de administração da Cotrijal, Mateus já é líder do núcleo regional da instituição em Colorado (RS).
Em sua propriedade de 60 hectares, a família Tonezer produz milho, trigo, soja, leite e suínos. “As áreas na região não são muito grandes, a maioria é de pequenos produtores que dependem da cooperativa”, diz Olírio. A importância das cooperativas, sobretudo para os pequenos agricultores, foi ressaltada nessa quarta-feira (4), Dia Internacional do Cooperativismo, pela presidente Dilma Rousseff: “no Ano Internacional do Cooperativismo, eu queria cumprimentar as cooperativas de pequenos agricultores, que são responsáveis por transformar a agricultura da pequena propriedade em uma agroindústria”.
As cooperativas agropecuárias assumem diversos papéis para seus associados que, no conjunto, aumentam a eficiência e a distribuição de renda da atividade rural. “O modelo cooperativista deu certo no agro brasileiro porque traz vantagens evidentes ao agrupar vários produtores, como o maior poder de barganha para vender a produção e comprar insumos”, explica o economista Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).
Ainda há um outro benefício que uma cooperativa bem gerida pode trazer para seus associados: as sobras, equivalentes ao lucro das empresas comuns. Embora não tenham fins lucrativos, as cooperativas geram resultados financeiros positivos, que são reinvestidos nela mesma ou divididos entre os cooperados. Essa decisão é tomada por todos eles, em assembleia. “Em todos esses anos, não me lembro de uma assembleia da Cotrijal à qual eu tenha faltado”, recorda Olírio.
A força das cooperativas também se traduz em benefícios para o País como um todo, segundo Fava Neves. “Sem as cooperativas, o agro brasileiro não teria a mesma força. O fortalecimento e a internacionalização das cooperativas são fundamentais para o agro brasileiro, de fato, alçar o posto de celeiro do mundo”, diz o economista. De fato, muitas cooperativas atingiram o nível de grandes empresas agroindustriais. Só a maior delas, a Coamo, de Campo Mourão (PR), faturou R$ 5,5 bilhões em 2011 e ficou em segundo lugar no ranking Melhores do Brasil do jornal Brasil Econômico na categoria Agronegócios e Alimentos.
O produtor levava toda a família para as assembleias e demais atividades da Cotrijal, nas quais os filhos aprendiam mais sobre o cooperativismo com professores. Essa vivência influenciou o filho Mateus. “Ele recusou emprego em várias empresas, inclusive na Cotrijal, porque queria ser produtor rural”, conta Olírio, orgulhoso.
Cooperado ativo, Olírio se afastou das atividades deliberativas da Cotrijal, embora continue exercendo seu papel como associado. “Hoje é tudo mais complicado, como não continuei estudando, é melhor deixar os jovens com mais estudo tocar as coisas.”
Entre os novos desafios que as cooperativas brasileiras precisam enfrentar está a internacionalização. “O principal desafio para as cooperativas é ter mais arrojo internacional. As oportunidades de desenvolvimento da África, por exemplo, passam pelo cooperativismo agrícola, e as cooperativas brasileiras têm que almejar entrar nessa missão”, destaca Fava Neves.
Outro caminho seguido por várias cooperativas, mas que ainda exige esforços, é a criação de marcas de varejo e a agregação de valor. Para Fava Neves, esse desafio inclui melhorar a comunicação dos princípios do cooperativismo, que são valorizados pela sociedade mas que não são enxergados nos produtos dessas instituições: inclusão social, sustentabilidade e comércio justo. “As cooperativas precisam explorar esse diferencial junto aos consumidores”, defende. São jovens como Mateus, técnico agrícola e administrador criado dentro do cooperativismo, que terão que enfrentar essa nova etapa de desenvolvimento.
Luiz Silveira e Ronaldo Luiz
Aos 68 anos, metade deles como associado da cooperativa Cotrijal, o agricultor gaúcho Olírio Tonezer começa a pensar em sua aposentadoria. O filho Mateus, criado entre a propriedade familiar e os eventos da cooperativa, formou-se em Administração e está assumindo aos 28 anos as principais funções da fazenda. E também da cooperativa: assim como Olírio, que chegou a ser membro do conselho de administração da Cotrijal, Mateus já é líder do núcleo regional da instituição em Colorado (RS).
Em sua propriedade de 60 hectares, a família Tonezer produz milho, trigo, soja, leite e suínos. “As áreas na região não são muito grandes, a maioria é de pequenos produtores que dependem da cooperativa”, diz Olírio. A importância das cooperativas, sobretudo para os pequenos agricultores, foi ressaltada nessa quarta-feira (4), Dia Internacional do Cooperativismo, pela presidente Dilma Rousseff: “no Ano Internacional do Cooperativismo, eu queria cumprimentar as cooperativas de pequenos agricultores, que são responsáveis por transformar a agricultura da pequena propriedade em uma agroindústria”.
As cooperativas agropecuárias assumem diversos papéis para seus associados que, no conjunto, aumentam a eficiência e a distribuição de renda da atividade rural. “O modelo cooperativista deu certo no agro brasileiro porque traz vantagens evidentes ao agrupar vários produtores, como o maior poder de barganha para vender a produção e comprar insumos”, explica o economista Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).
Ainda há um outro benefício que uma cooperativa bem gerida pode trazer para seus associados: as sobras, equivalentes ao lucro das empresas comuns. Embora não tenham fins lucrativos, as cooperativas geram resultados financeiros positivos, que são reinvestidos nela mesma ou divididos entre os cooperados. Essa decisão é tomada por todos eles, em assembleia. “Em todos esses anos, não me lembro de uma assembleia da Cotrijal à qual eu tenha faltado”, recorda Olírio.
A força das cooperativas também se traduz em benefícios para o País como um todo, segundo Fava Neves. “Sem as cooperativas, o agro brasileiro não teria a mesma força. O fortalecimento e a internacionalização das cooperativas são fundamentais para o agro brasileiro, de fato, alçar o posto de celeiro do mundo”, diz o economista. De fato, muitas cooperativas atingiram o nível de grandes empresas agroindustriais. Só a maior delas, a Coamo, de Campo Mourão (PR), faturou R$ 5,5 bilhões em 2011 e ficou em segundo lugar no ranking Melhores do Brasil do jornal Brasil Econômico na categoria Agronegócios e Alimentos.
O produtor levava toda a família para as assembleias e demais atividades da Cotrijal, nas quais os filhos aprendiam mais sobre o cooperativismo com professores. Essa vivência influenciou o filho Mateus. “Ele recusou emprego em várias empresas, inclusive na Cotrijal, porque queria ser produtor rural”, conta Olírio, orgulhoso.
Cooperado ativo, Olírio se afastou das atividades deliberativas da Cotrijal, embora continue exercendo seu papel como associado. “Hoje é tudo mais complicado, como não continuei estudando, é melhor deixar os jovens com mais estudo tocar as coisas.”
Entre os novos desafios que as cooperativas brasileiras precisam enfrentar está a internacionalização. “O principal desafio para as cooperativas é ter mais arrojo internacional. As oportunidades de desenvolvimento da África, por exemplo, passam pelo cooperativismo agrícola, e as cooperativas brasileiras têm que almejar entrar nessa missão”, destaca Fava Neves.
Outro caminho seguido por várias cooperativas, mas que ainda exige esforços, é a criação de marcas de varejo e a agregação de valor. Para Fava Neves, esse desafio inclui melhorar a comunicação dos princípios do cooperativismo, que são valorizados pela sociedade mas que não são enxergados nos produtos dessas instituições: inclusão social, sustentabilidade e comércio justo. “As cooperativas precisam explorar esse diferencial junto aos consumidores”, defende. São jovens como Mateus, técnico agrícola e administrador criado dentro do cooperativismo, que terão que enfrentar essa nova etapa de desenvolvimento.
Sou Agro
http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=170118
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