Ao ficar ciente quanto à disponibilidade de 40
vagas para a implantação de um curso de medicina na região sul, o magnífico
reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul, senhor Jaime Giolo,
prontamente resolveu inscrever duas cidades da região sul, Chapecó (SC) e Passo
Fundo (RS) para concorrem as vagas, não abrindo uma discussão com a comunidade
acadêmica e regional para manifestarem suas opiniões. O Ministério da Educação
e Cultura (MEC), no dia 05 de junho, anunciou a vinda dessas 40 vagas ofertadas
na região sul para a UFFS, para a cidade de Passo Fundo, necessitando da
criação de um novo campus da universidade.
A UFFS é uma instituição ainda em implantação, carente
de professores que supram as necessidades dos cursos, laboratórios e campos
experimentais para uma formação acadêmica de qualidade, verbas para implantação
das novas estruturas, entre outras. São estes problemas internos que devem ser
resolvidos e/ou consolidados, pensando na construção de uma universidade com
qualidade, antes de pensar em produzir quantidade.
O reitor, ao apresentar a decisão do MEC quanto
à escolha do município de Passo Fundo para implantação do curso de medicina na
UFFS, em videoconferência à comunidade acadêmica dos cinco campi, foi
surpreendido com grande indignação e descontentamento por parte da maioria dos
acadêmicos da universidade, que não puderam participar do processo de escolha
de cidades que poderiam ser contempladas com o curso, perdendo o reitor a
confiança da comunidade acadêmica, a qual representa, dando então um “passo ao
fundo”. Os acadêmicos do campus Cerro Largo, de imediato manifestaram
paralisação de suas atividades, inicialmente por uma semana, contanto com o apoio
de todos os outros campi.
Um dos princípios sob o qual a universidade foi
criada foi o desenvolvimento regional, implantando seus 5 campi em cidades
ainda pouco desenvolvidas, localizadas na mesorregião da fronteira sul. Desde a
sua implantação, vêm se discutindo a criação de novos cursos, e novos campi
também, sendo beneficiadas as cidades localizadas na região de abrangência da
UFFS, carentes em recursos em áreas como saúde, que seria beneficiada com a
implantação de um curso de medicina nessa região.
Por que então a implantação desse curso em uma
cidade que é um pólo regional, no caso Passo Fundo, que possui suas demandas na
área da saúde praticamente satisfeitas, com um curso de medicina já implantado,
resultado de uma escolha autoritária da reitoria, sem nenhuma discussão nem
aviso prévio à comunidade acadêmica, muito menos à comunidade externa, que
tanto lutou para que essa universidade se consolidasse, discutindo as suas
necessidades, promovendo o desenvolvimento regional. Onde está a democracia,
sob a qual a universidade foi construída? Por que não se planejou a implantação
desse curso em um dos campi já existentes, ou alguma outra cidade que necessite
disso, dentro da mesorregião da fronteira sul, juntamente já se planejando a
construção de um hospital que atendesse às demandas do curso, hospital este que
já há anos vêm se tentando implantar na região? E quanto à futura situação
desse novo campus, será semelhante à qual nos encontramos hoje, com falta de
professores, de laboratórios, de qualidade?
São essas questões que devem ser mais
amplamente discutidas antes que se possa tomar uma decisão assim “duma hora
para outra”, ou será que interesses políticos falam mais alto nessas horas?
Conforme esclarecimento do vice-reitor,
professor Antônio Andrioli, depois da implantação desse curso na cidade de
Passo Fundo, o mesmo poderia ser ampliado posteriormente para outros campi da
UFFS. Porém, a implantação desse curso primeiramente na cidade de Passo Fundo,
seria um gasto desnecessário do nosso dinheiro público, tendo em vista que a
saúde no Brasil carece de leitos hospitalares, sendo que os mesmos já existem
em quantidade suficiente neste local.
Cabe ainda ressaltar aqui que não somos contra
a expansão da universidade, pelo contrário, somos totalmente a favor, desde que
seja construída de acordo com os princípios da universidade, sempre pensando
primeiramente numa educação de qualidade, discutindo as demandas internas e
regionais.
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