terça-feira, 30 de outubro de 2012

Agricultura das Américas em posição favorável no desafio de alimentar o mundo


IICA apresenta uma nota técnica sobre a temática e de acordo com o texto, a existência de sistemas nacionais de inovação é básica para que a agricultura consiga se renovar

Punta del Este, Uruguai - Pela disponibilidade de terra, reservas de água, biodiversidade, experiência exportadora, desenvolvimento institucional e importância do setor privado e da agricultura familiar, a agricultura das Américas está em uma posição de privilégio para contribuir com o desafio de alimentar a população mundial, porém se requer mais e melhores inovações para atender a esse grande desafio.

Com este argumento, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) participa da Segunda Conferência Mundial sobre Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (GCARD2), em Punta del Este, Uruguai. O encontro começou neste domingo (28-10) e vai até dia 1.° de novembro de 2012.

Nessa ocasião, o objetivo é promover mudanças nos sistemas de inovação agrícola para envolver as metas mundiais de redução da fome e pobreza, assim como aumentar a entrada de pequenos produtores, e assegurar o acesso aos alimentos dos setores menos favorecidos, além de garantir a sustentabilidade ambiental da agricultura.

A Conferência é promovida pelo Fórum Global de Pesquisa Agropecuária (GFAR), constituído pelos sistemas hemisféricos que ocupam o tema. O IICA participa ativamente deste grupo, pois exerce a secretaria técnica do Fórum das Américas para a Inovação e Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário (FORAGRO), que está dentro do GFAR.

“As parcerias são imprescindíveis para que a América Latina e o Caribe consigam aumentar suas eficiências e produtividade agrícola e possam, assim, alimentar uma população crescente, ao mesmo tempo em que se minimiza o impacto negativo dos ecossistemas e beneficie a adaptação da agricultura às mudanças climáticas”, disse o Diretor Geral do IICA, Víctor M.Villalobos.

A busca por parcerias, precisamente, é um dos três temas principais que serão abordados no GCARD 2. Os outros serão a prospectiva e o desenvolvimento de capacidades, nos quais também atua o IICA e são explicados com profundidade no documento técnico.

“O Desenvolvimento agrícola depende cada vez mais das atividades de cooperação e da complementaridade entre diversos atores, das capacidades e competências exigidas pelas novas realidades tecnológicas, institucionais e de mercado, e do estabelecimento de prioridades com horizontes a longo prazo”, completa o informe do IICA.

Reforçar a inovação

O IICA apresenta uma nota técnica sobre a temática e de acordo com o texto, a existência de sistemas nacionais de inovação é básica para que a agricultura consiga se renovar. “Em geral, as inovações tecnológicas, institucionais e de negócios se fortalecem reciprocamente e evoluem em conjunto”, diz a nota técnica.

O IICA promove inovações nesses âmbitos. No institucional, por exemplo, por meio do desenvolvimento de marcos metodológicos para modernizar os institutos nacionais de pesquisa agrícola (INIAs), no tecnológico por meio da administração de um sistema que reúne 21 mil pesquisadores, extensionistas e produtores, que compartilham informação científica e experiências inovadoras, e nos agronegócios na promoção de mecanismos de apoio entre empresas e centros de pesquisa.

Para o IICA, a Tecnologia e a inovação fazem um papel preponderante na mitigação e adaptação da agricultura nas mudanças climáticas. Quanto à adaptação, o Instituto promove a transferência de conhecimentos para aumentar a eficiência da irrigação e reduzir a pegada de água, enquanto que para mitigar, promove a medição e redução de emissão de carbono, o desenvolvimento de boas práticas agrícolas e eficiência energética.

"Tecnologia e inovação também são fundamentais para melhorar os níveis de segurança alimentar dos países", diz o documento, e destaca estas tecnologias que aumentam a produtividade das culturas, ajudar a reduzir as perdas pós-colheita e aproveitam a biodiversidade da América Latina e do Caribe para gerar alternativas de alimentos, especialmente na agricultura familiar.

A Nota técnica explica: "A biodiversidade é uma fonte importante de inovação, especialmente para enfrentar o desafio da segurança alimentar e as mudanças climáticas. Seu uso sustentável requer maior investimento no conhecimento e pesquisa. "

Atualmente, converge no mundo diferentes tipos de agricultura, incluindo convencional, orgânica e de biotecnologia, que também se tornam relevantes tecnologias de informação e nanotecnologia, comunicação e outros, resultando da sua combinação.

Neste ponto, o Instituto apresentará no GCARD2 a forma em que apoia os seus membros: "O Instituto não toma posição a favor ou contra uma determinada técnica. Sua missão é fornecer informações técnicas, cientificamente fundamentadas para apoiar o processo de análise para apoiar a tomada de decisão do país”.

30/10/2012
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)

domingo, 28 de outubro de 2012

Brasil rico, Brasil pobre


O aumento da renda nos últimos dez anos proporcionou uma notável melhora no padrão de vida da maioria das famílias brasileiras, aproximando-o de indicadores de países desenvolvidos, se o que se leva em conta é a aquisição de bens de consumo. No entanto, como mostrou o jornal Valor (21/10), se o critério for o fornecimento de serviços públicos básicos, pelos quais o Estado é diretamente responsável, uma boa parte desses mesmos cidadãos ainda convive com situações típicas dos países mais pobres do mundo. Ou seja: quando depende da renda das famílias, o avanço dos brasileiros na direção do mundo do conforto é significativo; no entanto, quando há necessidade de investimentos estatais, as demandas mais óbvias de grande parte da população ainda estão muito longe de serem satisfeitas. 

O Brasil é hoje o oitavo maior mercado consumidor do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial. Desde 2001, saltou de 85,1% para 96,3% o total de domicílios que dispõem de geladeiras. No caso dos televisores, o índice passou de 89% para 97,2%, e no de máquinas de lavar, de 33,6% para 51,6%. Quase 100% das casas agora têm fogão, e o número de residência com computador ligado à internet quadruplicou, chegando a 37,1%. Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esses dados têm relação direta com a redução da desigualdade de renda verificada no período. Houve expansão de 16% do rendimento médio real do trabalho entre 2001 e 2011, e esse crescimento foi mais acentuado entre os 50% mais pobres da população. Estudo da Fundação Getúlio Vargas indica que o ganho nessa faixa foi de 68% acima da inflação. Além disso, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 48,1% entre 2003 e 2011. 

Ao mesmo tempo, a oferta de crédito, capitaneada por bancos oficiais, passou de 25% para 51% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2002 e agosto passado, o que, ao lado do abatimento de impostos para reduzir os preços, também ajuda a explicar o aumento substancial da aquisição de bens duráveis. Com relativa estabilidade de emprego e de ganhos salariais, aliada ao crédito fácil e aos incentivos estatais, os brasileiros foram às compras. 

No entanto, muitos desses consumidores da "nova classe média", que passaram a assistir a seus programas favoritos em modernas TVs de tela plana, são os mesmos que topam com lixo na porta de casa, que enfrentam esgoto a céu aberto e que não têm escola com qualidade ao menos razoável para seus filhos. 

O IBGE mostra que cerca de 40% das residências brasileiras não dispõem de abastecimento de água e coleta de esgoto. A comparação com os países ricos é dramática: nos Estados Unidos, segundo o Valor, apenas 0,6% das casas não tinham água encanada e vaso sanitário com descarga em 2011. Ainda segundo o IBGE, 11% das casas brasileiras não têm nenhum tipo de saneamento básico e 5% convivem com lixo acumulado. E 40% dos logradouros não têm nenhuma identificação, de modo que seus habitantes não sabem dizer exatamente onde moram. O quadro é igualmente sombrio na educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011 mostra que, no ensino médio, a maioria dos alunos não sabe ir além das quatro operações aritméticas nem consegue ler e escrever de modo satisfatório. 

Tudo isso se reflete na capacidade do Brasil de competir por mercados. O último ranking do Fórum Econômico Mundial sobre o tema indica que o País, embora tenha subido cinco posições, para o 48.º lugar, ainda marca passo em indicadores-chave. No item "saúde e educação básica", por exemplo, o Brasil figura em 88.º lugar entre 144 países, perdendo 9 posições desde 2009. 

Como se observa, lentamente estamos deixando de ser a "Belíndia", à qual se referiu o economista Edmar Bacha, em 1974, para designar a concentração de renda que gerou o abismo entre o minúsculo Brasil rico, isto é, a "Bélgica", e o enorme Brasil pobre, a "Índia". Agora, o País está mais para um "Engana", apelido dado recentemente pelo ex-ministro Delfim Netto para designar esse festejado Brasil que tem renda da Inglaterra (England), mas que ainda dispõe de serviços públicos de Gana.

O Estado de São Paulo
Da redação

sábado, 27 de outubro de 2012

ASUS Vivo Tab RT

Notebook ou um tablet? Por que não os dois? Com este conversível excepcionalmente fino e leve, você pode ter tudo sem sacrificar o desempenho
pela portabilidade. Com tecnologia Windows RT.

Imagem do ASUS Vivo Tab RT

Dois em Um


Leve e elegante, com um design diferenciado e um novo acabamento de chassi,
o ASUS Vivo Tab RT é um notebook quando ligado na tomada e também oferece todos os benefícios de um tablet quando você está em movimento.


ASUS Vivo Tab RT

Tecnologia Windows 8 RT

A tecnologia Windows RT significa que o ASUS Vivo Tab RT é ligado instantaneamente e está sempre 
atualizado com o modo de espera conectado. Assim, seus emails e aplicativos ficam sincronizados e
 prontos para você acessar quando quiser. O ASUS Vivo Tab RT também já vem com o Microsoft Office
 Home & Student 2013 RT Preview, proporcionando toda a capacidade de produção do Word, do Excel
do PowerPoint do OneNote, além de uma série de novos aplicativos disponíveis na Windows Store. 
O ASUS Vivo Tab RT funciona exclusivamente com aplicativos da Windows Store. O ASUS Vivo Tab RT 
funciona exclusivamente com aplicativos da Windows Store (não com outros aplicativos de desktop).

ASUS Vivo Tab RT

Nitidez em qualquer lugar


O ASUS Vivo Tab RT conta com a tecnologia de exibição premium IPS que permite a você ler, escrever,
 assistir e jogar com nitidez superior, sejam quais forem as condições de iluminação ou o ângulo de exibição.

ASUS Vivo Tab RT

Em Casa ou na Rua


O ASUS Vivo Tab RT está pronto para ir a qualquer lugar. Com pouco menos de 500g , você pode levá-lo
 aonde for e ele não vai pesar. A bateria de mais de 8 horas de duração o deixa prontinho para uso quando
 você precisar.

Especificações Tecnicas

Vida útil da bateria
Até 8 horas
Peso
521 gramas (sem teclado)
Dimensões
26,33 cm x 17,04 cm x 83,82 cm
Tamanho da tela
10,1”
Tela sensível a toque
Sim
Tamanho do disco rígido
32 GB / 64 GB
RAM
2 GB
Processador
NVIDIA Tegra 3
Elementos Gráficos
NVIDIA Tegra 3 integrada

Todas as especificações técnicas foram fornecidas pelo fabricante do computador.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Completando o blog hoje um ano de existência, venho por meio desta agradecer a todas e todos que acessam ou acessaram o mesmo, por todos os mais de 4000 acessos, que tendem a aumentar cada vez mais. Tenho certeza que todos esses puderam tirar algum proveito do conteúdo aqui contido, e peço que desfrutem ao máximo das informações aqui obtidas.
Muito obrigado a todos !!!
Julio Roberto Pellenz
Acadêmico do Curso de Agronomia com Ênfase em Agroecologia
UFFS - Campus Cerro Largo
26/10/2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tecnologia e alimento: uma aliança contra um planeta faminto





Tecnologia e alimento: uma aliança contra um planeta faminto

Brasil comemora diminuição da fome e luta contra novos desafios

Como produzir mais, conservando o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida das pessoas? Esse é o desafio de alimentar uma população em constante crescimento. Estima-se que a demanda por alimentos, em 2050, será o dobro da que temos hoje.

Neste cenário desafiador, cabe a toda cadeia agropecuária buscar por alternativas que resultem em ganho de eficiência produtiva. "A biotecnologia acaba sendo uma ferramenta importante para se produzir alimentos preservando o planeta", comenta a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani. Através da biotecnologia pode-se produzir alimentos sem usar tanto os recursos naturais, pois resulta numa economia de uso de insumos agrícolas, caminhando para um aumento de produtividade. “Das nove bilhões de pessoas estimadas em 2050, cerca de sete bilhões vão ficar nas cidades. Portanto, a produção de alimentos se faz necessária”, completa.

Conforme Adriana, as pesquisas têm um papel fundamental, pois o que se faz hoje para produção de sementes é aplicar conceitos básicos de biologia molecular. "É nesse sentido que a produção cientifica vem agregando essas informações e tornando isso em resultados práticos", explica. Na década de 70, um agricultor produzia alimentos para 73 pessoas. Já em 2005 passou a alimentar cerca de 155. De 1976 a 2010, a área cultivada de grãos aumentou apenas 26%, enquanto a produção subiu 213%, uma produtividade 2,5 vezes maior. Entre as hortaliças, de 1980 a 2005, a produtividade passou de 10,9 toneladas por hectare para 22,5 t/ha.

Para Representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Helder Muteia, o país tem dado passos fundamentais para a erradicação da fome e tem sido exemplo para o resto do mundo, por combinar estratégias de crescimento econômico e aumento da produção agrícola com políticas públicas.

O número de pessoas subnutridas no Brasil reduziu de 23 milhões (1990/92) para 13 milhões (2010/12). Somente nos últimos três anos, houve uma redução de 15 milhões (2007/09) para 13 milhões (2010/12), representando uma queda de 13%. Isto é resultado de uma combinação de crescimento econômico, desenvolvimento agrícola e programas sociais.

E o CIB segue acompanhando as novas tecnologias que auxiliem neste ponto. O Conselho espera que em breve sejam aprovadas para utilização plantas que tenham características de adaptação aos fatores ambientais, com tolerância à seca e adequadas ao meio em que elas crescem. "Além destes, ainda há plantas de características nutricionais alteradas, que estão sendo acompanhadas em termos de pesquisa e desenvolvimento", conclui.

Com seus 8,5 milhões de km², o Brasil abriga uma grande área para cultivar alimentos, sendo o um dos principais candidatos a celeiro para atender a demanda mundial. Mas valer-se dessa oportunidade vai depender de sua capacidade em resolver desde problemas internos, como o de infraestrutura, a utilizar corretamente as tecnologias disponíveis e que as estão por vir, pautados pelo desenvolvimento sustentável.

Hoje, 16 de outubro, comemoram-se juntos o Dia Mundial da Alimentação e Dia Mundial da Ciência e Tecnologia. Com tantos interesses em comum, não tem como a aliança entre eles dar errado. Uma data que simboliza o casamento perfeito para a solução da fome no mundo. 

16/10/12 - 12:10 
Autor: Janice Gutjahr e Joana Cavinatto

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Para uma guerra global, uma moeda global



Por Roberto Luis Troster

Desde os primórdios da história, os que se consideram mais fortes tentam aproveitar-se dos demais; quase sempre conseguem. É o caso das atuais políticas monetárias chinesa e norte-americana. Desvalorizam suas moedas, dando mais competitividade internacional a sua estrutura produtiva, prejudicando a de outras economias. Enriquecem à custa do empobrecimento alheio.
Os impactos dessa guerra cambial são globais, entretanto, são mais lesivos ao Brasil do que a outros países em razão de características do mercado local: uma tendência a valorizar o real, uma maior volatilidade nas taxas, defeitos no processo de formação de preços das divisas e custos de transação mais elevados. Sua origem está em distorções do sistema financeiro nacional.
O mercado de divisas brasileiro tem qualidades como uma câmara de ativos futuros sofisticada e uma dimensão considerável, mas também defeitos como uma regulamentação de negociação de divisas à vista ("spot") anacrônica, a composição da demanda de coberturas ("hedges") cambiais assimétrica, mecanismos de transmissão monetária emperrados, concentração de instituições e quase todas as negociações em uma única moeda.
Num mundo com incertezas ao futuro do euro e do dólar, há demanda por outras divisas internacionais
As sequelas no Brasil têm sido danosas, em especial para a indústria nacional que está perdendo mercados internos e no exterior, fechando postos de empregos e recebendo menos investimentos e para os contribuintes que pagam dezenas de bilhões de reais todos os anos com o carregamento das reservas internacionais. Em síntese a atuação monetária sino-americana lesa, e muito, o crescimento do país.
Agravando o quadro, o cenário para os próximos anos é de que o Brasil continuará a perder batalhas, as projeções apontam para a manutenção da tendência de valorização do real e para uma redução ainda maior da participação da indústria no PIB. É um sinal inequívoco de que a política neomercantilista de barreiras protecionistas, IOF, incentivos localizados e acumulação de reservas não apresenta os resultados almejados. Comprovadamente não funciona. Entretanto, há como enfrentar esse problema global.
A solução é globalizar o real. É oportuno e viável. Num mundo em turbulência cambial, com incertezas associadas ao futuro do euro e do dólar, há demanda por outras divisas internacionais, além do iene e da libra. O Brasil tem as condições necessárias para atender essa procura com sua moeda: tem uma participação relevante no comércio mundial, é a sexta economia mundial, seu sistema financeiro é sofisticado e sólido e já tem um embrião nesse sentido, que é o Sistema de Pagamentos em Moedas Locais. É questão de avançar.
As vantagens com a internacionalização são consideráveis. A mais importante é que se obteria uma taxa de câmbio mais competitiva favorecendo a indústria nacional. As outras são custos de transações do comércio exterior mais baixos, maior correlação com as taxas de juros internacionais (desvantagens para outros países, mas considerável para o Brasil), mais estabilidade ao sistema financeiro mundial que poderia diversificar mais os ativos, a economia de dezenas de bilhões de reais gastos atualmente com a política de reservas e menos volatilidade e vulnerabilidade cambial.
Em razão das vantagens que podem auferir com a internacionalização, alguns países têm projetos nesse sentido e estão avançando rapidamente; dois destaques são a Coreia do Sul e a China. Cada caso é um caso, e o Brasil também pode e deve fazer acontecer. É um processo que exige reformas e investimentos composto de quatro blocos: centro de negociação, modernizar o câmbio, mecanismos de transmissão e reformas; todos dependem apenas do poder Executivo.
A criação de um centro de negociação de divisas internacional (poderia até ser um offshore no Rio de Janeiro) tem vantagens consideráveis: 1) ajudaria a diluir a negociação de divisas, atualmente dez bancos respondem por 90% das transações; 2) facilitaria a conversão direta do real para outras moedas sem passar pelo dólar; 3) diminuiria a volatilidade do real; e 4) melhoraria o processo de formação da cotação do câmbio, atualmente a reboque das arbitragens de taxas de juros.
Modernizar o câmbio é a segunda prioridade. Apesar de alguns avanços, o tratamento ao câmbio não acompanhou as evoluções da estrutura produtiva, do comércio e das finanças. Devem ser eliminadas as restrições à posse e uso de divisas, inclusive permitir contas em moeda estrangeira. Além dos benefícios para a economia como um todo, haveria uma vantagem competitiva para o sistema financeiro nacional e uma alternativa adicional a todos os agentes para diversificar ativos.
Desobstruir os mecanismos de transmissão da política monetária no Brasil deveria ser uma prioridade, independentemente da globalização. É uma ineficiência que faz com que a taxa de juros neutra seja uma das mais altas do mundo, onerando as contas públicas e atraindo capitais especulativos. O mantra é desindexar e alongar prazos de ativos e passivos.
O quarto pilar é reformar, em especial a tributação. É razoável afirmar que a arrecadação do governo com as transações com o resto do mundo deve ser menor do que suas perdas em razão de investimentos que vão para outros países. A globalização demanda adaptações internas.
A agenda do desenvolvimento brasileira é mais extensa, e este seria um passo importante. A atual equipe econômica tem méritos em querer mudar algumas coisas, com destaque colocar na agenda a produtividade e a competitividade. Cometeu alguns equívocos, faz parte. Especificamente, protestar em fóruns internacionais não vai influenciar os Estados Unidos e China para que alterem suas estratégias. O Brasil tem a escolha de continuar com a atual postura ou mudar e parar de fazer o jogo que convém a eles. Fica a dúvida, qual será?
Roberto Luis Troster, da Troster e Associados, é doutor em economia pela USP e foi economista-chefe da Febraban, da ABBC e do Banco Itamarati. robertotroster@uol.com.br


Leia mais em:
http://www.valor.com.br/opiniao/2863606/para-uma-guerra-global-uma-moeda-global#ixzz28zrQaLFI

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Quem irá nos alimentar em 2050?



O aumento da população mundial aliado ao crescimento da renda e do poder aquisitivo das famílias estimula a abertura de novas fronteiras agrícolas e comerciais, mas, paradoxalmente, estabelece novos desafios a serem vencidos pelos produtores rurais. Estudo realizado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), apresentado durante um painel na EXPOCARAZINHO 2012, revela as principais demandas do setor e expõe uma agenda de compromissos necessários para garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro 

Produzir mais, para uma população 35% maior, com menos recursos, mais pragas e com pressão ambiental e climática cada vez maiores. Este é um dos principais desafios que a agricultura em âmbito global terá de enfrentar para contribuir com a erradicação da fome no planeta até 2050 – quando atingirmos 9,1 bilhões de pessoas habitando a Terra, ante as 6,8 bilhões atuais.

Em 2050, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que a subsistência de 70% da humanidade será garantida por apenas 30% da população. “Daqui a 38 anos, o meio rural no mundo todo será composto por apenas 30% da população. Isso significa dizer que estes 30% irão produzir para si e para os outros 70% que residem nas cidades”, comentou o economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), Antônio da Luz, durante um painel promovido pelo Sindicato Rural de Carazinho na EXPOCARAZINHO 2012.

Organizado para discutir, em várias regiões do Estado, os desafios da agricultura até 2050, o encontro despertou no público questionamentos sobre o papel do setor agropecuário brasileiro no cenário internacional e mostrou que o Brasil ainda precisa resolver uma série de problemas estruturais internos antes de tornar-se a agricultura mais rentável e produtiva do mundo. “E esses são desafios e metas que não podemos deixar para depois, porque essas modificações globais não irão acontecer no dia 31 de dezembro de 2049. O mundo todo está passando por um período de transformações e de crescimento populacional acelerado. E é nosso dever, enquanto produtores rurais, prospectar como transformar isso em renda”, argumentou Luz, explicando que “não importa se, em 2050, as pessoas estarão felizes ou tristes, se terão muito ou pouco dinheiro ou se irão se locomover em espaçonaves ou aviões. O importante é que essas pessoas terão de comer. E isso sim é problema nosso”.

Deslocamento demográfico: novos mercados consumidores

Na esteira da evolução populacional, os países e continentes experimentarão períodos distintos. O economista da FARSUL alerta que o aumento demográfico não será uniforme. “Dados da ONU revelam que a Europa tende a diminuir sua população, enquanto que os continentes asiáticos e africanos somarão, juntos, mais de 2 bilhões de habitantes. Isso muda bastante coisa, porque a concentração populacional e a renda será deslocada para essas novas regiões consumidoras, criando outras fronteiras agrícolas e comerciais”, apontou Luz, salientando que esses novos mercados necessitam de atenção imediata. “A África, por exemplo, não é um bom país para se comercializar. Não porque eles não tenham demanda, mas sim porque não há infraestrutura de estradas, portos e armazéns. Porém, é um mercado em franco crescimento que demanda produção. Da mesma forma acontece com a Ásia. E se essas pessoas precisam comer, elas vão ser nossas clientes, o que deve começar a nos preocupar desde agora”.

O economista chefe da FARSUL, Federação responsável pela elaboração de um estudo técnico sobre os principais entraves produtivos do Brasil, admite que o cenário é totalmente positivo para os produtores rurais brasileiros, desde que os Poderes Públicos – União, Estado e Municípios – cumpram com seus papeis. “Diferentemente de outros países onde a agricultura é subsidiada, no Brasil não precisamos de incentivos governamentais para produzir. Para nós, basta que o governo não nos atrapalhe. Essa é a principal ajuda que solicitamos”, declarou Luz, admitindo que o setor enfrenta problemas como o endividamento rural, mas que isso, na avaliação do economista, é uma pequena parcela de um todo. “Nós somos muito eficientes no que fazemos, embora a sociedade, de um modo geral, acredite que a agricultura gera um baixo valor agregado. O que nós, da FARSUL, tentamos mostrar é que esse pensamento não condiz com a realidade e não é essa a visão que o país deveria ter se estivesse realmente preocupado com o desenvolvimento econômico e com o potencial produtivo a ser explorado”.

“O que a agricultura precisa é que não atrapalhem o setor”, disse o economista

Luz define o agronegócio brasileiro – sobretudo quando analisado sob a ótica do cenário internacional e os desafios de acabar com a fome no mundo – como “altamente dinâmico” e que não pode ser atrapalhada por políticas ineficientes. “Há esse desafio de alimentar o mundo em 2050 e ampliar as fronteiras comerciais com os novos países consumidores. Para isso, precisamos, por exemplo, produzir com um preço justo. É inaceitável que tenhamos um custo de produção muito superior do que os nossos concorrentes, porque isso nos tira competitividade. E a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo”, mencionou ele, citando o exemplo das máquinas agrícolas. “Esses implementos custam, no Brasil, até 50% a mais do que na Argentina, no Uruguai e nos Estados Unidos. E isso por conta da carga tributária. E, além disso, não podemos importar esses produtos. Quer dizer, somos obrigados a pagar a maior carga tributária do mundo e ainda estamos impossibilitados de importar equipamentos que poderiam reduzir nossos custos”.

Para o economista, alimentar o mundo em 2050 é uma tarefa que irá exigir muitos investimentos estruturais e logísticos, pois, sem eles, pode tornar-se inviável continuar produzindo no Brasil. “Os senhores comemoram o preço da soja, mas esquecem-se de que têm um dos maiores custos de produção entre todos os países. O Brasil não é um país de agricultura familiar. A nossa agricultura é altamente competitiva, mas não é rentável. Nos EUA e na Argentina ela é muito mais viável economicamente do que aqui, que podemos nos equiparar com a Europa onde, por sinal, existem subsídios governamentais. No Brasil, nem precisamos de subsídios, mas sim de condições de competir, o resto a gente faz com que aconteça. O custo operacional da soja no nosso país é o dobro do custo da Argentina. Ou seja, não há condições de nos tornarmos a fonte produtora de alimentos para o mundo tendo que enfrentar situações adversas como estas”, enumerou Luz.

Mercado interno x exportação

Um dos tópicos técnicos abordados no painel da EXPOCARAZINHO 2012 discutiu a relação entre o abastecimento do mercado interno e a exportação de alimentos. Conforme o economista, em 2050 a renda média das pessoas deve ser 84% superior do que é hoje. “E o Brasil está muito mais perto dos países ricos do que dos pobres. Isso significa que nossa população, na média, se alimenta bem. E com o aumento de renda, a demanda por alimentos deve crescer na mesma proporção ou de maneira mais incisiva, refletindo em diversos segmentos produtivos, como o de carne bovina, por exemplo”, afirmou Luz.

O economista da FARSUL cita que o brasileiro é o povo que mais consome carne no mundo. “E isso é justificável porque a nossa produção interna é bastante expressiva. E mesmo que o nosso consumo seja significativo, temos capacidade de abastecer nosso mercado e ainda exportar para diversos países”, justificou, advertindo, contudo, que a tendência é de que haja uma redução na oferta interna. “Com o crescimento comercial e populacional dos demais países, a nossa produção será comercializada para o exterior, fazendo com que haja redução interna de oferta e gerando um consequente aumento no preço da carne bovina”.

Para estabilizar esse quadro futuro, Luz destacou que a produção, sobretudo a de grãos, terá que ser ampliada. “Neste ponto há outro desafio, que é o de conseguir produzir mais sem ampliar as áreas agricultáveis, embora haja consenso de que o Brasil poderia aumentar suas lavouras sem derrubar uma única árvore, tendo em vista que apenas 14% do território é utilizado para as atividades agropecuárias”, disse, atestando que para tornar o país o principal produtor de alimentos do mundo é necessário cumprir uma agenda de metas, solucionando os problemas e antecipando suas consequências. “A estabilidade mundial talvez não seja dada pela oferta de água ou petróleo, mas pela oferta de alimentos. E para quem produz, o panorama que se descortina é muito bom”, encerrou.

09/10/2012

Diário da Manhã - Passo Fundo

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

De volta ao futuro



Por David Kupfer


O mundo dá voltas e, com ele, as ideias, os fatos e, evidentemente, a política econômica. Vinte anos após ter surgido como a menina dos olhos da reflexão sobre os rumos da economia brasileira, o tema da competitividade está novamente ganhando força como um dos principais focos do debate sobre os desafios com que se defronta o país.

Mas a história não se repete, razão pela qual a competitividade retorna em um quadro ideológico, fatual e político completamente distinto. Lá na virada dos anos 1990, o lema muito bem poderia ser descrito como "competitividade ou morte", essência do darwinismo social que se implantou no país, por meio de mudanças institucionais que abriram a economia brasileira sem prepará-la adequadamente para isso. A competitividade era vista como o caminho para retirar as empresas brasileiras de uma trajetória de uma década de estagnação. Agora, a competitividade está ressurgindo como condição para sustentar um ciclo duradouro de desenvolvimento. O novo lema poderia ser sintetizado como "competitividade ou baixo crescimento".

Existem dois conceitos de competitividade cujo entendimento pode ajudar a demarcar essas diferenças. Um é a chamada competitividade revelada, que é reflexo do desempenho de empresas, setores, regiões ou economias nacionais na manutenção ou conquista de parcelas de mercado. O outro é a chamada competitividade potencial, que é determinada pela qualidade dos recursos competitivos acumulados e pela competência em mobilizá-los. Apoia-se, portanto, em múltiplos determinantes, distribuídos em uma dimensão empresarial (relacionada aos recursos e competências criados pelas empresas); uma dimensão estrutural (consequência dos padrões de concorrência que se estabelecem nos mercados) e uma dimensão sistêmica (associada ao ambiente geral de negócios em que se dá atividade produtiva).

Na rodada de vinte anos atrás a indústria não se reestruturou e vem daí parte dos problemas que ainda a perseguem 

De certo modo, nos anos iniciais da década de 1990, diante da profunda desorganização macroeconômica da época, é como se o conceito de competitividade-desempenho tivesse prevalecido. A natureza defensiva da reestruturação empreendida pela indústria brasileira manifestou-se na adoção pelas empresas de estratégias de sobrevivência que, embora mais uma vez tenham comprovado a capacidade de resposta do empresariado nacional, não proporcionaram um salto qualitativo do ponto de vista da competitividade. Ao contrário de uma ampla atualização do parque industrial, as empresas optaram pelo "enxugamento" da produção, com o abandono de linhas de produtos de maior nível tecnológico em favor de produtos mais padronizados. Esse processo de simplificação industrial, oposto à tendência internacional da época, provocou um significativo descolamento da matriz produtiva nacional em relação aos segmentos mais dinâmicos da indústria mundial. 

No presente, a noção de competitividade que está retornando ajusta-se melhor ao conceito potencial. No entanto, devido a causas que merecem reflexão, a agenda de competitividade que está posta na mesa está excessivamente restrita à dimensão sistêmica. Percebe-se isso pela prevalência de medidas de política direcionadas para a melhoria das condições gerais de produção, por meio da redução de custos de importantes itens como energia, logística, encargos trabalhistas, desonerações tributárias, dentre outros. Não se discute a pertinência e mesmo a premência em se avançar nesse campo, razão pela qual a pressão da sociedade sobre o governo em busca de soluções eficazes para a redução do chamado custo Brasil não somente é justificável como desejável. 

De fato, é difícil compreender por que as agendas empresarial e estrutural, ambas igualmente decisivas para a construção da competitividade, não ganham ênfase semelhante. O fato é que essas agendas, que constituem o cerne da política industrial, ainda carecem de consenso em vista de uma insuficiente coesão política sobre qual o desenho setorial e, muito importante, qual a distribuição regional de uma nova estrutura produtiva que se faz necessário implantar no país. O problema é que essas políticas têm longo prazo de maturação, enquanto uma parcela não desprezível da clientela da política industrial, porque está aglutinada em torno de projetos que objetivam a mera reprodução das estruturas existentes, quer resultados "para ontem". 

Sem avançar na agenda sistêmica, não será possível o salto da competitividade. Mas somente com ela, dificilmente se chegará muito longe. O curto-prazismo é, provavelmente, o maior obstáculo a ser enfrentado no esforço de destravamento institucional nessa direção. Se a competitividade é um antídoto contra a estagnação, como teria sido há vinte anos, ou vitamina para o crescimento, como parece ser o caso agora, não é o que mais importa. Realmente importante é que, em ambos os casos, a saída exige uma reestruturação industrial de grande fôlego. Na rodada de vinte anos atrás isso não ocorreu e, seguramente, vem dai boa parte dos problemas estruturais que ainda perseguem a indústria e a economia brasileira no presente. Vamos ver se agora vai. 

David Kupfer é professor e pesquisador licenciado do Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ (GIC-IE/UFRJ) e assessor da presidência do BNDES. As opiniões expressas são do autor e não necessariamente refletem posições do BNDES.


Em parceria com MDA, Programa Leite Gaúcho capacita mais de 30 mil famílias de agricultores



Um ano após ter sido implantado pelo governo do Rio Grande do Sul com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e outros parceiros, o Programa Leite Gaúcho comemora resultados positivos e metas alcançadas.

Com a contribuição do Leite Gaúcho, que já tem 40 mil produtores cadastrados por meio de 70 cooperativas, a produção estadual este ano atingiu dez milhões de litros/dia, o que representa um aumento de 11% em relação aos nove milhões de litros/dia de 2011. O que colabora, em muito, para a produção nacional.

Além de aumentar a renda e a produtividade dos agricultores de base familiar, e de melhorar, substancialmente, a qualidade do leite no estado, o programa contribui com projetos de combate à pobreza extrema, por meio de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), capacitação, monitoramento da produção e acesso a crédito subsidiado entre outras.

O MDA apoia a qualificação e capacitação dos produtores por meio de chamadas públicas para prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). No estado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em um ano, beneficiou 30 mil produtores de leite com ações de qualificação da produção e capacitação.

Parceiros
O MDA e os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e da Educação (MEC/FNDE) têm papel fundamental na implementação do programa com investimentos para sua execução, bem como na garantia de acesso a mercado por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

No caso do MDA, além da Ater, uma das contribuições mais importantes para o êxito do Leite Gaúcho vem do programa de entrega de retroescavadeiras, que integra as ações da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e ajuda a melhorar as condições das estradas vicinais. A ação facilita o escoamento da produção nos municípios onde a produção agrícola é essencialmente proveniente da agricultura familiar e melhora, também, o acesso da juventude rural à rede de ensino estadual.

Público-alvo
O público-alvo do Programa são os produtores que já se encontram na atividade leiteira, mas o Leite Gaúcho também visa atrair novas famílias, assentadas da reforma agrária e do crédito fundiário, além de quilombolas e indígenas. Outro público-alvo são ex-produtores de tabaco que, deste modo, podem aproveitar a oportunidade de ingressar em uma atividade com retorno imediato, renda mensal e mercado assegurado.

De acordo com o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Rural, da Pesca e Cooperativismo (SDR) do Rio Grande do Sul, José Adelmar Batista, que também é diretor da Agricultura Familiar do estado e coordenador do Leite Gaúcho, os serviços de Ater são de grande relevância para o Programa.

Batista destaca que, para aumentar a produtividade, é preciso um trabalho de melhoramento genético e de manejo da alimentação animal, o que só é possível por meio de cursos para que o agricultor possa entender melhor o que ele precisa melhorar. “Às vezes, o agricultor fica parado numa atividade que não está dando lucro simplesmente por falta de capacitação ou de uma qualificação melhor”, explica.

A produtividade do gado leiteiro gaúcho é uma das maiores do Brasil, chegando a 2.336 litros/vaca ordenhada por ano. No entanto, menos de 50% do leite produzido se enquadra nas exigências da legislação federal vigente que trata da normas da produção nacional de leite. Existem, no Rio Grande do Sul, 441 mil estabelecimentos rurais e 134 mil produtores de leite, onde 70% comercializam menos de 100 litros/dia, segundo o mais recente Censo Agropecuário, de 2006.

Esse é o motivo, segundo José Batista, de um dos focos prioritários do programa estar centrado na qualidade. “Nós queremos que os agricultores se adaptem, o quanto antes, às exigências estabelecidas pela nova Instrução Normativa nº 62, publicada em 30 de dezembro de 2011 no Diário Oficial da União”, frisa o diretor da SDR.

Zoonoses
O Leite Gaúcho também dedica capítulo especial à questão das doenças provocadas em seres humanos por microorganismos presentes no leite e seus derivados, uma vez que, embora sejam produzidos por animais saudáveis, a contaminação pode ocorrer. Neste item, o Rio Grande do Sul conta com a vantagem de ser pioneiro no controle de zoonoses, tendo erradicado em alguns territórios doenças como a brucelose e a tuberculose.

Como participar
Para ingressar no programa, os produtores precisam estar enquadrados na Lei da Agricultura Familiar, além de se cadastrarem junto ao escritório local da Emater, por meio de cooperativas e empresas de produtos lácteos participantes do Programa.

O acesso é livre e gratuito. Segundo José Batista, o único custo é o do deslocamento do agricultor da propriedade dele até a cidade onde ocorre a capacitação. “Mas se houver necessidade de se deslocar até uma cidade que não seja muito distante, o transporte poderá ser feito de graça por meio da parceria com associações e cooperativas”, informa.

Para saber mais sobre o programa, basta acessar o site www.sdr.rs.gov.br ou solicitar informações pelo e-mail leitegaucho@sdr.rs.gov.br.


Brasília, DF
05/10/2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Diversificação do ambiente reduz infestação de plantas daninhas



Outros fatores, como a ausência de cobertura do solo, a inexistência de rotação de culturas e de herbicidas causam a propagação

Plantas daninhas de difícil controle, como a buva, têm preocupado cada vez mais produtores rurais de vários estados brasileiros. A buva, que se propaga facilmente pelo ar, pode produzir até cem mil sementes por planta e está entre os principais problemas em áreas de pastagens e de cultivo de soja no Brasil. Em 2005, o biótipo resistente dessa planta daninha foi detectada em São Paulo e no Rio Grande do Sul e começou a se espalhar por outros Estados, como Mato Grosso do Sul. A alta infestação também é causada por outros fatores, como a ausência de cobertura do solo, a inexistência de rotação de culturas e de herbicidas.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Germani Concenço, trabalha nas áreas de sistemas de produção sustentáveis e manejo integrado de plantas espontâneas, e explica que o manejo de plantas daninhas, especialmente as de difícil controle, deve ser integrado, para diversificar o ambiente e reduzir a infestação. A inserção de tecnologias como consórcio milho-braquiária e Integração Lavoura-Pecuária são exemplos de práticas que reduzem a ocorrência de espécies daninhas.

O cultivo do trigo na safrinha, além do milho consorciado com braquiária, também está entre as alternativas para controle de plantas daninhas, porque além de formar palhada bem distribuída no solo, possui efeito alelopático, ou seja, produzem substâncias que colaboram para reduzir a proliferação das espécies daninhas, inclusive a buva. "Após três a cinco anos do início do manejo correto na área já infestada, a redução do número de sementes no solo será significativa, e a infestação nas safras subsequentes será menor", afirma o pesquisador.

03/10/2012
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Agricultor familiar poderá ficar isento de imposto sindical rural


"Proposta incentiva a permanência do homem no campo", diz Santo Agostini

A Câmara analisa o Projeto de Lei 4212/12, do deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que isenta o agricultor familiar do imposto sindical rural. A proposta altera o Decreto-Lei 1.166/71, que estabelece o tributo.

A contribuição paga anualmente pelos proprietários rurais é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) da propriedade, previsto no cadastro da Receita Federal utilizado para lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Para empresas rurais, a contribuição é calculada com base na Parcela do Capital Social (PCS) atribuída ao imóvel.

Segundo Santo Agostini, a proposta incentiva a permanência do homem no campo, desonerando seus custos operacionais. A ideia nasceu, de acordo com o parlamentar, de uma sugestão da Câmara Municipal de Paraíso (SC) para isentar os agricultores familiares com menos de 70 hectares de terra do pagamento obrigatório das contribuições sindicais.

Agricultura familiar

Conforme a Lei 11.326/06, considera-se agricultor familiar aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

- não deter, a qualquer título, área maior do que 4 quatro módulos fiscais;
- utilizar predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu empreendimento;
- ter renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio negócio;
- gerenciar a atividade com sua família.

Tramitação

A proposta, que tramita em caráter conclusivo e apensada ao PL 5249/01, será analisada pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta PL-4212/2012
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=551908

Edição – Marcelo Oliveira
02/10/2012

Agência Câmara

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Seguro agrícola do MDA já liberou mais de R$ 2,5 bi para agricultura familiar




Desde que foi criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em 2004, o Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) já beneficiou milhares de famílias de trabalhadores rurais com a liberação de mais de R$ 2,5 bilhões em recursos. Os agricultores familiares têm direito automático ao Seaf — também conhecido como Proagro Mais — no caso de sofrerem perdas de mais de 30% em suas lavouras, em razão de adversidades climáticas.


Segundo o Diretor de Financiamento à Produção Rural da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF/MDA), João Luiz Guadagnin, os agricultores familiares dos estados da Região Sul, em especial o Rio Grande do Sul, foram os que mais recorreram ao seguro. Somente os gaúchos foram responsáveis por cerca de R$ 1,336 bilhão — ou seja, mais da metade do volume liberado. E este ano não foi diferente.

“Nós temos um total de mais de 450 mil agricultores familiares que, este ano (safra 2011/2012) aderiram ao Seaf, em todo o país. Desse universo, 99,5 mil comunicaram perdas, a maior parte concentrados nos estados do Sul e, majoritariamente, no Rio Grande do Sul (60%), Paraná (28%) e Santa Catarina (12%). Sem dúvida, o Rio Grande é o estado que tem o maior número de contratos segurados de custeio agrícola”, confirma Guadagnin.

Além de se destacarem, tradicionalmente, pela grande produtividade agrícola, esses três estados foram afetados, este ano e de forma dramática, pela intensidade atípica da seca que se fez notar já em dezembro do ano passado e que piorou bastante nos meses de janeiro e fevereiro, prejudicando bastante a produção de grãos, em especial milho, soja e feijão.

O diretor conta que dos 99,5 mil agricultores que comunicaram perdas, o MDA deverá indenizar 90% desse contingente, ou seja, em torno de 90 mil agricultores. “Isso significa um investimento de R$ 650 milhões dos quais, aproximadamente, R$ 100 milhões foram arrecadados dos agricultores”, aponta Guadagnin. “A alíquota é de 2% sobre o valor financiado. Em resumo, o governo federal deverá desembolsar, adicionalmente aos R$ 100 milhões arrecadados, mais R$ 550 milhões. No total, a indenização ultrapassará os R$ 650 milhões”, conclui.

Ainda de acordo com João Luiz Guadagnin, desses R$ 650 milhões relativos à safra deste ano, já foram pagos R$ 586 milhões, ou algo em torno de 90,1%. Ou seja, 82 mil agricultores já foram indenizados.

O diretor destaca, ainda, que em relação à safra 2010/2011, os volumes foram bem superiores. “No ano passado, o problema maior não foi a seca, mas outros fenômenos como queda de granizo e vendavais. Ainda assim, foram pagos, em indenizações, R$ 95 milhões, montante inferior ao arrecadado dos trabalhadores rurais. “Praticamente, o programa se sustentou; o que foi arrecadado foi maior ainda e até sobrou dinheiro. Tivemos uma safra normal,” salienta.

Guadagnin chama a atenção, ainda, para o fato de os agricultores estarem, agora, fechando contratos de custeio agrícola para a próxima safra diante de uma perspectiva de uma safra muito boa em 2012/2013. “Mas todo o cuidado é pouco, especialmente nessas safras em que o clima promete ser bom. Para garantirem, efetivamente, uma colheita melhor é necessário que os agricultores façam um bom manejo de solo, com um plantio correto e uma quantidade certa de plantas por hectare, além de uma boa adubação. Com essas precauções, o risco de terem de recorrer, novamente, ao seguro será menor”, ressalva.

Conforme frisa o diretor, o Seaf precisa existir mas deve ser acessado só em situações muito extremas. Guadagnin observa que uma boa parte das perdas sofridas pelos trabalhadores rurais se deve ao fato de os cuidados recomendados pela boa agricultura não serem adotados, na integralidade, por todos. “Assim, os agricultores que conduzem bem suas lavouras têm grande possibilidade de terem maior sucesso”, acrescenta.

Safra 2011-2012 (jul2011/jun2012)

Número de contratos - 454 mil
Valor segurado - R$ 5,4 bilhões
Número de comunicados de perda (até 27/09) - 99,5 mil
Número de pagamentos - 82 mil
Valor pago - R$ 586 milhões
Previsão número de pagamentos – 90 mil
Previsão valor de pagamentos – R$ 650 milhões

Safra 2010-2011 (jul2010/jun2011)

Número de contratos - 500 mil
Valor segurado – R$ 5 bilhões
Número de pagamentos – 12 mil
Valor pago – R$ 95 milhões

Clique aqui e confira orientações importantes para os agricultores


Brasília (DF), 01/10/2012


Portal MDA

Projeto Soja Brasil abre oficialmente o plantio de soja da safra 2012/2013 em Sorriso (MT)


Ministro da Agricultura Mendes Ribeiro e Silval Barbosa, governador de Mato Grosso, participaram do evento


Veronica Streliaev Canal Rural 
Foto: Veronica Streliaev Canal Rural
Mendes Ribeiro participou da abertura oficial do plantio de soja da safra 2012/2013 em Sorriso (MT)
O Projeto Soja Brasil abriu oficialmente o plantio nacional de soja da safra 2012/2013 na Fazenda Agroverde, em Sorriso (MT) nesta segunda, dia 24. O lançamento teve a participação de autoridades políticas como o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, e o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, além de empresários e produtores do Estado. O Canal Rural transmitiu o evento ao vivo.
A representante da Associação Comercial e Empresarial de Sorriso (Aces), Neiva Dalla Valle, iniciou o evento falando da cidade de Sorriso, considerada a maior produtora de soja do Brasil. O presidente do Sistema Famato (Federação da Agricultura e Pecuáriado Estadp de Mato Grosso), Rui Prado, ao falar, também destacou a importância da cidade no cenário nacional do agronegócio.
Antes do discurso oficial de abertura do plantio feito pelo ministro Mendes Ribeiro, o presidente da aAssociação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, frisou a importância de os produtores de soja terem uma abertura oficial do plantio, o que já acontece em outras culturas produzidas no Brasil.
– Esse evento é um marco. Para nós, é fundamental termos esse lançamento. Hoje, sem dúvida, nós estamos fazendo história com esse lançamento – disse.
O ministro Mendes Ribeiro, ao dar início oficialmente ao plantio da safra 2012/2013, falou sobre a cidade e sobre a importância do produtor de Sorriso para o agronegócio nacional.
– Aqui em Sorriso não tem um momento impossível, aqui não tem o inexplicável, aqui tem todos os dias o muito obrigado do ministro da Agricultura. Temos que ter coragem de enfrentar os gargalos, não os gargalos de 30 dias, 60 dias, mas os gargalos de anos. A presidente Dilma Rousseff está determinada a melhorar isso. Na política, eu aprendi que nada é mais importante que ouvir e, nesse ano, eu estou fazendo isso, ouvindo o homem que produz.
O governador Silval Barbosa, em seu discurso, agradeceu a presença do ministro e destacou o trabalho dos produtores de Mato Grosso.
– Para nós é uma honra muito grande contar com a presença do ministro. Aqui, ministro, o senhor está no município que não perde para município nenhum. Aqui os produtores já dominaram a tecnologia de produção – exaltou o governador.
Para oficializar o lançamento, o governador Silval Barbosa, acompanhado do ministro Mendes Ribeiro e do diretor geral do Canal Rural Donário Lopes de Almeida, guiaram uma plantadeira.
Após o ato, o ministro reafirmou sua expectativa de o Brasil ter uma grande safra de soja. Para ele, agora é necessário trabalhar.
– A safra vai ser extraordinária. Estamos começando a trabalhar, nós temos o melhor plano de safra  da história, então agora é confiar. O seguro agrícola está com uma política forte, garantida pelo ministério. Agora é trabalhar – disse.
O governador de Mato Grosso, após o início oficial do plantio, frisou o problema de logística que os produtores enfrentam, mas disse estar otimista com a possibilidade de melhorias.
– Logística é um problema sério para o Estado. O governo garantiu que lança um programa de armazenagem para o Brasil. Estamos trabalhando para que o ministro faça a aquisição de milho por preço de mercado. A nossa luta é pela logística. O problema que estamos sofrendo em Mato Grosso é que não estamos encontrando quem faça o frete para outras regiões, mas estou otimista, muito otimista.
O lançamento nacional do plantio de soja da safra 2012/2013 é uma realização do Projeto Soja Brasil com  instituições e entidades regionais como a prefeitura de Sorriso, o Sindicato Rural e a Associação Comercial e Empresarial do município,  além do governo estadual e Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
O Projeto Soja Brasil é uma realização do Canal Rural, da Aprosoja Brasil e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), com coordenação técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O apoio regional é do Senar MS, Senar Goiás, Aprosoja MT e Sistema Famato. O patrocínio é de Basf, Mitsubishi Motors e Monsanto.
24/09/2012