(23/01) A comercialização dos transgênicos no Brasil ainda se resume a soja, milho e algodão, mas já há estudos com feijões - outros países também pesquisam grãos de arroz. Polêmicos para alguns e totalmente desconhecidos para outros, os alimentos geneticamente modificados são produzidos com o objetivo de reduzir perdas na lavoura e de incrementar o valor nutricional. Especialistas afirmam que, apesar da mudança na genética dos grãos, os produtos disponíveis no mercado brasileiro são totalmente seguros à saúde humana e que antes de chegar às prateleiras dos supermercados, tanto o milho quanto a soja e outros derivados dos transgênicos, passam por rigorosa avaliação técnica até a sua liberação.
O médico, bioquímico e pesquisador do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), Walter Colli, explica que o alimento geneticamente modificado produz proteínas que impedem o consumo das culturas pelas pragas, como as lagartas. Segundo ele, estudos em laboratórios comprovam que essa proteína não faz mal algum à saúde humana.
''A proteína é ingerida e em cerca de dois minutos é degradada no nosso estômago, ou seja, ela faz mal apenas à lagarta. Essa mesma proteína já está sendo consumida por um grupo de pessoas nos Estados Unidos há 15 anos e ninguém teve problema até hoje'', diz.
O especialista explica também que alguns transgênicos também são resistentes aos herbicidas, o que faz com que o uso de agrotóxico na lavoura seja diminuído. ''Quando o agricultor não usa nenhum transgênico precisa aplicar uma grande quantidade de agrotóxicos para matar as pragas. Já em relação à soja que tem o gen contra o herbicida, o produtor só precisa jogar veneno para matar o mato'', diz.
Segurança
Cientistas de importantes academias de ciência nacionais e internacionais defendem a adoção de plantas geneticamente modificadas na agricultura como um dos meios de reduzir a fome no planeta e melhorar a qualidade dos alimentos consumidos pela população.
De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), 74% dos brasileiros nunca ouviram falar em transgênicos ou organismos geneticamente modificados. O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Aluízio Borém, explica que qualquer variedade transgênica passa por uma análise de biossegurança na CTNBio antes de ser comercializada. Além de serem avaliados possíveis riscos para a saúde, riscos ambientais também são criteriosamente avaliados.
''Toda variedade transgênica passa por uma série de testes que procuram avaliar possíveis agentes alergênicos do alimento para o ser humano. Esses testes são feitos e repetidos por diferentes instituições de pesquisa'', conta.
Segundo Borém, a proteína diferenciada produzida pelo alimento mudado geneticamente é observada e testada para que seja comprovado que não há risco algum de desenvolver alergia em algumas pessoas. Ele explica que em laboratórios os pesquisadores simulam a digestão que ocorre no trato intestinal e constatam quando elas se decompõem normalmente ou não. Quando a proteina é resistente à digestão, é sinal de alerta.
''No Brasil, somente alimentos considerados comprovados estão sendo consumidos. A primeira variedade transgênica que chegou ao mercado teve origem nos Estados Unidos e se tratava de tomate. Desde então, milhares - e hoje já bilhões - de pessoas vêm consumindo alimentos transgênicos sem qualquer efeito prejudicial à saúde'', finaliza Borém.
Fernanda Borges
31/12/2012
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