terça-feira, 29 de janeiro de 2013

“Não haverá desenvolvimento sustentável enquanto existir fome”, diz FAO


“Não haverá desenvolvimento sustentável no mundo enquanto milhões de pessoas passarem fome”, destacou no último sábado (26-01) o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, referindo-se ao tema central que analisam os presidentes y chefes de Estado de toda a Região e da União Europeia reunidos na Conferência CELAC-UE, na cidade de Santiago, no Chile.


“Os países aqui reunidos têm a oportunidade de manifestarem claramente seu apoio a esta mensagem e de proporem juntos caminhos em direção a um futuro sustentável, ambiental, social e economicamente mais justo, que é o que todos nós queremos”, acrescentou o Diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).


Cerca de 60 países da América Latina e Caribe e da Europa participam da Conferência CELAC-UE, que acontece de 26 a 28 de janeiro. Este importante encontro visa avançar no aprofundamento das relações entre os países e na construção de uma aliança estratégica para o desenvolvimento sustentável.


A segurança alimentar é um tema prioritário na agenda oficial da CELAC, e nos últimos anos tem sido preocupação constante na agenda regional e mundial. Neste sentido, Graziano relembrou a declaração que os presidentes do MERCOSUL fizeram, em dezembro de 2012, apoiando expressamente o Desafio de Fome Zero das Nações Unidas, lançado pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, durante a Conferência Rio+ 20, e que reconhece a segurança alimentar como um direito humano que deve ser garantido a todos e todas.


“A pobreza e a fome que sofrem um país afetam a seus vizinhos, já que impede o desenvolvimento da Região como um todo. É um desafio que transpassa as fronteiras e deve ser enfrentado no seu mais alto nível, como o que está sendo durante a CELAC”, ressaltou Graziano. “A América Latina e o Caribe entenderam isso, sendo a primeira Região a assumir o desafio de erradicar a fome, não somente diminuí-la, ao lançar a Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome em 2025”, destacou. 


Graziano da Silva ressaltou a grande quantidade de iniciativas que surgiram na Região como o Fome Zero no Brasil e a Cruzada contra a Fome no México, lançada esta semana, e que atenderá a mais de 7,4 milhões de mexicanos que sofrem de pobreza extrema e insegurança alimentar. “Quando um país decide dizer ´não´ a fome, os avanços que se podem alcançar são surpreendentes”, apontou o Diretor Geral da FAO.


Graziano também destacou a entrada de Antigua e Barbuda no Desafio Fome Zero das Nações Unidas. O Fome Zero em Antigua e Barbuda já conta com o apoio total da FAO, além das outras agências como o PMA, Banco Mundial, IICA, CEPAL, OPS/OMS, UNICEF, além da Comunidade do Caribe (CARICOM).


América Latina na vanguarda da luta contra a fome


A Região da América Latina e Caribe se converteu em uma referencia mundial na luta contra a fome. Cabe destacar que nos últimos 20 anos, 16 milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome. Em 1990-1992 a fome afetava 14,6% da população, ou seja, 65 milhões de pessoas. Já no período 2010-2012, este mal afetou somente 8,3%, ou seja, 49 milhões de pessoas. Neste último período mencionado (2010-2012), somam-se os significativos avanços de legislações. Atualmente, sete países da Região já contam com leis de segurança alimentar ou soberania alimentar, enquanto outros 10 estão legislando sobre esta matéria. 


A fome na Região é essencialmente um problema de acesso aos alimentos e não de disponibilidade. Segundo Graziano, “América Latina e Caribe, com uma população de 600 milhões de pessoas, produz alimentos suficientes para abastecer a 750 milhões de pessoas. Com certeza, 49 milhões delas passam fome”, disse.


A Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025 tem dado forte apoio a este processo promovendo a luta contra a fome e promoção do direito à alimentação por meio de ações como a Frente Parlamentar contra a Fome, que já existe em mais de 14 países.


Luta contra o desperdício de alimentos


“Um mundo sustentável não somente requer que a produção seja sustentável, mas que o consumo também o seja”, afirmou o Diretor Geral.


Graziano da Silva explicou que em todo o mundo se desperdiça um terço do total de alimentos produzidos. Ele destacou que se o desperdício fosse evitado “seria possível alimentar a todos os famintos e que ainda sobrariam alimentos”.


Na América Latina e Caribe, as perdas e o desperdício de alimentos no âmbito da produção para o varejo alcançam os 200 kg per capita por ano. No âmbito do consumidor, são desperdiçados 25 kg per capita por ano. Em cereais, se perdem 30% do que é produzido, 40% das raízes e tubérculos, 55% das frutas e verduras, 20% dos produtos à base de carne e quase 30% dos pescados e mariscos e, mais de 20% dos produtos lácteos.


29/01/2013

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Nitrogênio é aposta para elevar produtividade da soja



Empresas de biotecnologia e fundações de pesquisa de todo o país estão investigando os efeitos da aplicação de nitrogênio em lavouras de soja sobre a produtividade das plantas


A aposta é que o uso desse tipo de fertilizante possa abrir caminho para ganhos expressivos de rendimento. Ao todo, 25 organizações - entre as quais Embrapa, Fundação MT, Monsanto e Pioneer -, realizam testes de campo nesta safra 2012/13 a fim de atestar a validade da hipótese. O grupo integra uma rede de pesquisas associada ao Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb).

Embora a produção de uma tonelada de soja consuma aproximadamente 80 quilos de nitrogênio, a cultura praticamente dispensa a aplicação de fertilizantes nitrogenados no solo. A oleaginosa consegue absorver do ar a maior parte do nutriente de que necessita por meio de um processo conhecido como fixação biológica.

Contudo, nos últimos anos, agricultores participantes de um concurso de produtividade promovido pelo Cesb conseguiram mais do que dobrar o rendimento da soja com a adoção de práticas heterodoxas - entre elas, a adição de nitrogênio nas composições usadas para enriquecer o solo.

"Com o trabalho dessa rede de pesquisa, queremos atestar se o nitrogênio é realmente um fator determinante [para o ganho de produtividade] e se é viável economicamente", afirma Nilson Caldas, diretor do Cesb.

Comprovados os benefícios do nitrogênio e a viabilidade econômica de sua aplicação, explica Caldas, as instituições participantes deverão trabalhar em uma nova "cartilha" de recomendações agronômicas para a produção de soja no Brasil.

"Estamos bastante confiantes em ganhos substanciais. Nosso objetivo é aumentar a produtividade média da soja para 4 mil toneladas por hectare até 2015, no Cerrado, e 2020, no Sul do país", afirma o representante do Cesb. Atualmente, o Brasil colhe menos de 3 mil toneladas por hectare.

Caldas admite, porém, que pesquisas sobre o uso de nitrogênio em lavouras de soja se mostraram inconclusivas no passado. "É possível que a fixação biológica da soja tenha sido suficiente para suportar os ganhos de produtividade até aqui, mas não para que cheguemos a patamares mais elevados", cogita. "Trabalhamos com um empilhamento de tecnologias que, juntas, podem nos permitir avançar".

Gerson Freitas Jr.Valor Econômico25/01/2013

domingo, 27 de janeiro de 2013

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS


Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. 

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. 

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de tanta morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrisou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido


Fabrício Carpinejar
27/01/2013

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Monsanto apresenta tecnologia INTACTA RR2 PRO™ na Showtec 2013


Sojicultores sul-mato-grossenses terão a oportunidade de conhecer os benefícios da nova soja e participar de debates com especialistas em mesas redondas


De 23 a 25 de janeiro, os visitantes da 17ª edição da Showtec em Maracaju (MS), poderão conhecer de perto as vantagens da nova tecnologia de soja da Monsanto, a INTACTA RR2 PRO™, adaptada para o mercado brasileiro e desenvolvida ao longo dos últimos onze anos. A nova tecnologia de soja da Monsanto foi testada por 500 agricultores de 275 municípios de todo o país na safra 2011/2012, número ampliado para mil produtores de 350 municípios na safra 2012/2013. Em Mato Grosso do Sul, 101 agricultores em 27 municípios testarão a tecnologia na atual safra, um aumento de 63% em relação à safra anterior.



O público que visitar a Showtec 2013 ainda terá a oportunidade de participar de mesas redondas e conversar com representantes da Monsanto e agricultores que já testaram o produto em suas lavouras na safra 2011/12 e os que estão testando pela primeira vez na safra 2012/13. Assim, os sojicultores poderão se adiantar e entender melhor a tecnologia antes da comercialização no Brasil, que depende apenas da liberação da China, principal importador da soja brasileira.



A Monsanto investe anualmente mais de US$ 1 bilhão em pesquisa e novos produtos, além de compartilhar seu conhecimento com produtores para ampliar o seu acesso a modernas tecnologias agrícolas. A tecnologia INTACTA RR2 PRO™, por exemplo, alia três benefícios jamais vistos juntos em grãos de soja: resultados de produtividade sem precedentes, devido a tecnologias avançadas no mapeamento, seleção e inserção de genes em regiões do DNA com potencial impacto positivo na produtividade; proteção às principais lagartas que atacam a cultura da soja; e tolerância ao glifosato proporcionada pela tecnologia Roundup Ready (RR).



Além de ser eficaz contra as quatro principais lagartas que atacam a cultura da soja – lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), lagarta falsa medideira (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu), broca das axilas, também conhecida como broca dos ponteiros (Crocidosema aporema) – e lagarta das maçãs (Heliothis virescens), a tecnologia INTACTA RR2 PRO™ também exerce supressão à lagarta do tipo elasmo.



De acordo com Rafael Carmona, gerente de INTACTA RR2 PRO™, a tecnologia confere proteção contra as quatro principais lagartas que atacam a cultura da soja, reduzindo o número das pulverizações. “É muito importante que o agricultor consiga, cada vez mais, lançar mão do manejo integrado de pragas e essa nova tecnologia sem dúvida será muito útil ao manejo das lavouras em médio e longo prazos”, diz Carmona.



Produtor de soja há 28 anos em Dourados (MS), Gilberto Bernardi foi um dos sul-mato-grossenses escolhidos para testar a tecnologia em sua fazenda, e se diz otimista com o resultado. “A INTACTA RR2 PRO™ vem para se estabelecer. É uma facilitadora de manejo bastante prática, e a expectativa é que tenhamos nela uma durabilidade e um tempo de vida útil muito prolongado”.



Acostumado a fazer quatro aplicações de inseticidas em sojas convencionais, Bernardi conta que não precisou de defensivos agrícolas para preservar a área de INTACTA RR2 PRO™ contra ataques de lagartas. “Independentemente da aplicação de inseticidas, houve o controle. Não há sinais de danos causados pelas pragas”. O agricultor considera esse fator como um dos mais atrativos da tecnologia. “É um redutor de custos e de atenção. Deixo de ter preocupação com lagartas na lavoura e passo a dar enfoque a outros problemas no campo”, finaliza.



Em Dourados (MS), Claudir Signorini, sojicultor eleito pela segunda vez para avaliar a INTACTA RR2 PRO™, afirma que a tecnologia resistiu aos diversos ataques de lagarta em sua propriedade. “Devido à falta de chuvas, tive um problema sério com falsa medideira. Realmente está complicado para conseguir controlar essa praga, enquanto a INTACTA RR2 PRO™ se manteve ilesa. Quando aprovarem esta tecnologia, vou utilizá-la”.



Signorini também ressalta a serenidade e a economia que teve após o resultado dos testes. “A tranquilidade de saber que a soja está livre de lagarta me faz dormir sossegado. Cada vez que passo com o trator pela lavoura, tenho prejuízo pela quebra de soja. Além disso, economizo água e inseticida”, afirma o produtor. Outros municípios, entre eles Ponta Porã, Maracaju, Douradina, Sidrolândia Itaporã, Chapadão do Sul e Caarapó foram selecionados para o experimento da tecnologia em Mato Grosso do Sul.



Segundo o supervisor Comercial de INTACTA RR2 PRO™ em Mato Grosso do Sul, Adriano Silva, ao visitar o estande de INTACTA RR2 PRO™ e o plantio nos plots de testes comparativos na Showtec 2013, os produtores poderão se antecipar e tirar dúvidas sobre a nova tecnologia de soja da Monsanto que já está aprovada no Brasil (desde 2010), nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Colômbia, México, Filipinas, Tailândia, Argentina, Uruguai, Japão, Coreia do Sul, Taiwan e União Europeia.

Serviço
17º Showtec
Local: Sede da Fundação MS – Estrada da Usina Velha, Km 2, Maracaju (MS)
Dias: 23 a 25 de janeiro de 2012
Horário: 7h às 18h
Informações: http://www.fundacaoms.org.br

23/01/2013
Agrolink com informações de assessoria

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Tempo permanece seco no Sul do país até a primeira semana de fevereiro



Produtores de milho do Rio Grande do Sul estão preocupados com o risco de estiagem 

Uma massa de ar seco cobre a região Sul do Brasil e a semana começa com céu limpo e sem previsão de chuvas para boa parte dos Estados. Nos próximos dias há chance de algumas pancadas muito isoladas e passageiras no oeste gaúcho e leste paranaense, mas sem grandes acumulados. Até o fim da semana as temperaturas voltam a subir desde o Rio Grande do Sul ao Paraná e as máximas ficam novamente na casa dos 30°C.

“Essa condição deve persistir até o final do mês e pelo menos na primeira semana de fevereiro”, afirma o climatologista da Somar, Paulo Etchichury. As previsões mostram que as poucas chuvas que acontecem até o fim de semana na região não devem gerar acumulados acima dos 15mm. Para a última semana de janeiro o tempo fica ainda mais seco, principalmente no Rio Grande do Sul, sem volumes significativos de chuva. 

No noroeste gaúcho a falta de chuvas completa 12 dias. Em Palmeira das Missões-RS e Santo Ângelo-RS não chove desde o dia 9 deste mês e janeiro deve terminar com acumulados abaixo da média nessas cidades. Na primeira semana de fevereiro há formação de novas áreas de instabilidade sobre a região sul, mas o Rio Grande do Sul não será totalmente beneficiado e os volumes de chuva não passam dos 30mm no norte do Estado.

Para o estado do Paraná e parte de Santa Catarina o risco de estiagem é menor, em função de que há indicativo de chuva para a primeira semana de fevereiro. A umidade da Amazônia volta a se organizar entre o Sudeste, Sul e Centro-Oeste e as chuvas mais generalizadas atingem o Paraná e trazem acumulados de até 70mm em praticamente todo o Estado, o que deve garantir um bom início de plantio de milho nas lavouras paranaenses.

22/01/2013
Rafaela Vendramini 
Jornal do Tempo

domingo, 20 de janeiro de 2013

Os rumos da "Reforma Agrária"


GERSON TEIXEIRA
Nos últimos dois anos, foram desapropriados apenas 130 mil hectares; desempenho tão pífio que, desde 1985, só rivaliza com o período Collor
Na década de 1990, as organizações dos trabalhadores do campo combateram, com êxito, a implantação, no Brasil, das estratégias do Banco Mundial para as áreas rurais da América Latina, centradas na chamada reforma agrária de mercado. No auge do neoliberalismo, pretendia-se delegar ao mercado o poder regulatório sobre a questão agrária brasileira.

Restou que os instrumentos de compra e venda de terra ficaram nas franjas institucionais. Tanto que, de 1995 a 2002, a desapropriação de grandes propriedades alcançou 10,3 milhões de hectares contra 4,3 milhões nos oito anos seguintes.

Assim, em termos de "obtenção de terras privadas para a política de assentamentos" (grifei), "bons tempos" os anos de 1990! Afinal, por força das lutas sociais, as desapropriações, com as insuficiências e anomalias conhecidas, foram preservadas, e as restritas operações de compra e venda de terras continham uma réstia redistributiva, pois transferiam para os camponeses frações de grandes propriedades.

Hoje, percebemos sinais em sentido oposto. Terras da União sob o controle dos assentados poderão vir a ser transferidas para as grandes propriedades. É o desfecho esperado da proposta de emancipação dos assentamentos abandonados pelos poderes públicos.

Sugerida pela entidade máxima do agronegócio, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a emancipação traduziria a sensibilidade social da sua presidente pela "libertação dos assentados". O alvo real: a expectativa de apropriação, pelo agronegócio, de milhões de hectares dos assentados, a exemplo do que ambicionam com as suas lutas pela subtração dos territórios indígenas, quilombolas e das áreas protegidas em geral.

Entre as medidas do "pacote da CNA", supostamente acolhido pelo governo, constariam também a regularização "de ofício" dos imóveis localizados às margens das rodovias federais na Amazônia, o que equivaleria ao "carnaval do grilo". E, ainda, a facilitação da ratificação dos títulos das propriedades nas faixas de fronteiras indevidamente emitidos pelos Estados.

Nos últimos dois anos, foram desapropriados apenas 130 mil hectares; desempenho tão pífio que, desde 1985, só rivaliza com o período Collor. Comenta-se que tal desempenho resultou da imposição, pela Casa Civil, do limite de R$ 100 mil por família nos projetos de assentamentos. O equívoco do limite deve-se à sua forma irrefletida. Até as cercas dos latifúndios sabem que a desapropriação gera enormes ganhos indevidos aos seus donos, graças à persistência de legislações lenientes e jurisprudências duvidosas.

Exemplo: enquanto a taxa Selic, na atualidade, é de 7,25% aa e a inflação, menor ainda, os juros compensatórios, indevidamente aplicados sobre os valores da desapropriação contestados em juízo, são de 12% aa. Então, em vez de se extinguir anomalias da espécie, opta-se por um corte arbitrário que inviabiliza de vez a desapropriação.

Mas, esse é apenas um detalhe de uma mudança essencial. Efetivadas as medidas anunciadas, a política agrária terá "evoluído" do seu tradicional perfil restrito de contenção de conflitos sociais em proteção ao latifúndio/agronegócio para um estágio de funcionalidade direta às necessidades da própria expansão do agronegócio. Transição equivalente ocorre com a política ambiental.

Em suma, a sedução e a rendição política aos quase US$ 100 bilhões gerados pelas exportações do agronegócio poderão levar o Brasil a cenários sombrios de um "abismo agrário-ambiental". A presidente Dilma Rousseff, que vem enfrentando com coragem interesses econômicos poderosos em defesa do povo brasileiro, haverá de rever esses rumos desastrosos das políticas agrária e ambiental.

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Tribine desenvolve protótipo de colheitaderia que carrega mais de 27 ton


Um novo protótipo para os agricultores funde uma colheitadeira comercialmente disponível com um tanque graneleiro, criando uma colheitadeira articulada que pode levar grão a granel.


"O Tribine aborda todas as principais tendências que vemos na agricultura em todo o mundo,"diz o  inventor Ben Dillon, "e isso são rendimentos mais elevados, campos maiores, mais compreensão sobre a compactação, custos de máquinas mais elevados, custos trabalhistas maiores, maior dificuldade de se encontrar mão-de-obra qualificada em movimento em direção de tráfego controlado. "



Dillon  é um agricultor aposentado de Indiana que planta milho e soja no centro-norte de Indiana. Ele é formado em economia agrícola da Universidade de Purdue, passou anos trabalhando na área de negocios e voltou para a fazenda em tempo integral por 15 anos antes de começar a alugar sua terra. Dillon também detém 28 patentes de tecnologia de colheitadeira, que desenvolveu desde 1997.



A Tribine representa atualmente a quarta geração de protótipos de colhedoras que ele tem construído e será exibido este ano no Ag Connect.



Como aumenta cada vez mais a produtividade do milho em mais área plantada, elas precisam atravessar o campo o mais rápido possível com a compactação mínima, Dillon diz. A Tribine consegue isso porque pode colher o milho com uma plataforma de 12 linhas por uma milha sem parar. É uma colhedora de classe 7 com alto desempenho em termos de debulha e é alimentado por um motor de 375 e 400 cv.

Um tanque de grão construído por Kansas, fabricante Crust Buster, está ligado à extremidade da frente da máquina, e pode conter 1.000 bushels, ou pouco mais de 27 ton (A colhedora tradicional, com uma plataforma de 16 linhas, por outro lado, geralmente não pode andar mais de um quilômetro antes que deve ser descarregado em um carrinho graneleiro executado em conjunto pelo campo. Dillon diz que a Tribine reduz o consumo de combustível e os custos de trabalho porque nem um trator nem um graneleiro são necessários no campo, enquanto ela funciona.)


A máquina é equipada com um sem-fim de descarga de 22" que pode esvaziar o carrinho graneleiro a uma taxa de 226 sc/min. Nesse ritmo, leva dois minutos para descarregar.



A Tribine pesa aproximadamente o mesmo que uma colhedora convencional de classe 8 mas é 10 metros mais curta em em comparação com os 12 metros de comprimento de algumas máquinas tradicionais. Seu design articulado possui um eixo traseiro pivotante que permite voltas mais curtas. Isso significa que o módulo de frente pode continuar se movendo em linha reta enquanto o carrinho de grãos é deslocado para mais perto do caminhão, alcançando até 7 metros de distância do corpo do carrinho.


Além do mais, o desenho articulado permite a instalação de pneus maiores que reduzem a compactação no campo. O desenho simétrico Tribine significa que só existem duas faixas deixadas no campo.
Um teste limitado na fazenda de Dillon, em meados de dezembro demonstrou a funcionalidade básica da máquina. Mais testes são necessários, diz ele, e a entrada de produtores de grãos nos testes é crucial.Futuras alterações são necessárias, como a melhoria da direção em que os propagadores jogam a palha.

17/01/2013
Nate Birt, Farm Journal Social Media and News Editor
Traduzido e adaptado

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

GT pretende melhorar ações sustentáveis dos recursos hídricos


Grupo terá 30 dias para apresentar relatório com as estratégias, linhas de ação e atuação, bem como os instrumentos apropriados para a execução das atividades


O Diário Oficial da União traz na edição desta quinta-feira (17) Portaria Interministerial dos Ministérios da Agricultura e Meio Ambiente com a criação do Grupo de Trabalho (GT) para a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos no meio rural. Entre outras linhas de atuação estão o uso de água no setor agrícola, microbacias hidrográficas, saneamento agrícola e drenagem. Além de promoverem o planejamento de ações de caráter hídrico no meio rural, participação e disseminação de projetos, programas e ações de cada ministério e iniciativas na área de ciência, tecnologia e inovação para melhorar a eficiência do uso da água no setor agrícola.


Os maiores benefícios decorrentes do GT incluirão o trabalho conjunto para definir estratégias e estabelecer prioridades para atender áreas irrigadas, atualmente em 5 milhões de hectares. Conforme Demetrios Christofidis, coordenador de Infraestrutura Rural e Logística da Produção do Ministério da Agricultura, também serão beneficiados os agricultores com aptidão, potencialidades e vocação para o desenvolvimento sustentável da agropecuária irrigada, que no Brasil estima-se sejam da ordem de 30 milhões de hectares, com maiores possibilidades de sucesso, considerando, otimização no uso da água, com redução das quantidades de insumos, elevando a produção e evitando a degradação dos solos e das águas.


“Nos projetos existentes, também, serão observadas as práticas associadas com a qualidade das águas, o desenvolvimento das capacidades dos agentes e dos diversos setores envolvidos com a água e a agropecuária, orientações e demonstrações que incluam inovações, tecnologias e exemplos de manejo em práticas de preservação dos solos e melhorias na eficiência do uso da água no setor agrícola” explica o coordenador.


O GT, que terá cinco representantes de cada ministério, incluindo um técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Agência Nacional das Águas (Ana), terá 30 dias para apresentar relatório com as estratégias, linhas de ação e atuação, bem como os instrumentos apropriados para a execução das atividades.

18/01/2013
Inez De Podestà 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sancionada a Política Nacional de Irrigação

A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei da Política Nacional de Irrigação, aprovada pelo Congresso, com vetos em dois artigos


A lei foi publicada no Diário Oficial da União de ontem (14). O objetivo da nova lei é incentivar a ampliação da área irrigada no Brasil, aumentando a produtividade de forma sustentável e reduzindo os riscos climáticos para a agropecuária.

A partir da decisão, projetos públicos e privados de irrigação poderão receber incentivos fiscais, especialmente nas regiões com os menores indicadores de desenvolvimento social e nas consideradas prioritárias para o desenvolvimento regional.

Com o crédito, será possível obter equipamentos com uso eficiente da água, modernizar instrumentos e implantar sistemas de suporte à irrigação. A lei prevê que o poder público criará estímulos à contratação de seguro rural por agricultores que praticam agricultura irrigada. Em todos esses casos, o governo poderá priorizar os pequenos agricultores. 

Agência Brasil
15/01/2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

Palestra do Faustão na USP



Veja o que o Faustão falou sobre os gaúchos.Trechos da PALESTRA do Faustão, no dia 07 

de novembro, na Semana da Comunicação na USP em SÃO PAULO. A primeira palestra da 

Semana da Comunicação foi feita por ele.

Domingão 'Esse horário é jogo duro, o cara tem que agradar pai, mãe, nona, cachorro - tá todo mundo vendo TV no domingo de tarde. Por isso não posso ser arrogante e querer dar uma de intelectual, tenho que ser cúmplice do público, levar pra lá o que ele quer ver. Se fosse por mim, 90% dos artistas que cantam no programa não iriam, não tocam na minha casa. Sabe por que
existe espingarda de dois canos? Pra matar DUPLA Sertaneja. Agora, tem que ter o limite entre o popular e o apelativo. Pode ver, todos os programas que partiram pra apelação pura saíram do ar.. O próprio público abandona.' BigBrother 'Eu acho uma desgraça, ruim, uma merda mesmo. O Big Brother é um fenômeno que só faz mal pra televisão, dá a impressão de que todo mundo que
trabalha no meio vive de festa, é vagabundo. Além do mais, o programa deveria mostrar todas as camadas sociais, fazer um confronto mesmo. Em vez
disso bota lá garotão com garotona pra ver quem vai se pegar. Olha o Alemão, o cara é simpático e tal, mas saiu do BB e foi dançar no meu programa. O que aconteceu? O próprio público mandou ele pra casa. Depois foi pro Fantástico e só fez merda.' Novelas e panelas 'Acho novela um troço horrível, não
assisto. Aliás, se tivesse que ser pago pra ver televisão eu queria o dobro do que ganho. Não que eu ache novela mal feita, mas tem um problema de ritmo: ou é muito lenta, ou muito afobada. Além do mais, hoje em dia o autor
manda mais do que o diretor, então sempre escala os mesmo atores, é uma panela. Aí fica só aquele chiadinho carioca, um saco mesmo.' Independência ao RIO GRANDE DO SUL...

'Acho que o Rio Grande do Sul tinha mesmo era que se separar do Brasil, falando sério.O povo de lá tem um nível de educação superior, além de uma série de outras coisas. O gaúcho tem uma qualidade que falta ao Brasil, ele sabe se posicionar, toma partido, tem um talento nato pra isso. No resto do país é todo mundo em cima do muro, o que é péssimo em todos os sentidos.

Falo como Paulista e garanto: a maioria dos brasileiros tem inveja dos Gaúchos !!!

07/11/2012

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Até metade dos alimentos do mundo vai para o lixo, diz estudo






LONDRES, 10 Jan (Reuters) - Até a metade de todo o alimento produzido no mundo acaba indo parar no lixo devido a métodos falhos de colheita, armazenamento e transporte, assim como de atitudes irresponsáveis de varejistas e consumidores, afirmou um relatório nesta quinta-feira.

O mundo produz cerca de quatro bilhões de toneladas métricas de alimentos por ano, mas entre 1,2 e 2 bilhões de toneladas não são consumidos, disse o estudo do Instituto de Engenheiros Mecânicos, com sede em Londres.

"Esse nível de desperdício é uma tragédia que não pode continuar se quisermos ter sucesso no desafio de atender de forma sustentável nossas futuras demandas de alimentos", disse.

Nos países desenvolvidos, como a Grã-Bretanha, métodos eficientes de agricultura, transporte e armazenamento indicam que a maior parte do desperdício ocorre através do comportamento varejista e do consumidor.

Os varejistas produzem 1,6 milhão de toneladas de resíduos alimentares por ano porque rejeitam grupos de frutas e legumes comestíveis que não cumprem os critérios exatos de tamanho e aparência, disse o estudo da sociedade de engenharia.

"Trinta por cento do que é colhido do campo nunca realmente atinge o mercado (principalmente o supermercado) devido à triagem, seleção de qualidade e por não cumprir critérios puramente cosméticos", disse.

Dos alimentos que chegam às prateleiras de supermercados, de 30 a 50 por cento do que é comprado nos países desenvolvidos são jogados fora pelos consumidores, geralmente devido à má compreensão das datas de "melhor consumido antes" e "usar até".

Uma data que diz "usar até" é colocada quando há um risco de saúde associado com o uso do alimento depois dessa data. Um "melhor consumido antes" fala mais sobre a qualidade, quando ela expira, não significa, necessariamente, que o alimento seja prejudicial, mas que pode perder parte do sabor e textura.

No entanto, muitos consumidores não sabem a diferença entre os rótulos e jogam no lixo alimentos antes que o prazo de validade expire.

POPULAÇÃO CRESCENTE

Na Grã-Bretanha, cerca de 16,3 bilhões dólares em alimentos são jogados fora pelas residências todos os anos, e parte disso é apta para o consumo, disse o estudo.

Já em países menos desenvolvidos, como os da África subsaariana ou os do Sudeste Asiático, o desperdício costuma ocorrer devido à ineficiência na colheita e no armazenamento.

Nos países do Sudeste Asiático, por exemplo, as perdas com o arroz podem ser de 37 a 80 por cento da produção, totalizando cerca de 180 milhões de toneladas por ano, disse o documento.

A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que a população mundial atinja o pico de cerca de 9,5 bilhões de pessoas até 2075, significando que haverá 2,5 bilhões de pessoas a mais para alimentar.

O aumento populacional, junto com a melhoria da nutrição e a mudança de dietas, pressionará pelo aumento no fornecimento global de alimentos nas próximas décadas.

O aumento no preço dos alimentos e das commodities vai levar à necessidade de reduzir o desperdício, tornando a prática de descartar frutas e legumes comestíveis por razões cosméticas menos viáveis economicamente.

No entanto, os governos não deveriam esperar que o preço dos alimentos provoque uma ação sobre essa prática de desperdício, mas produzir políticas que mudem o comportamento do consumidor e convençam os varejistas a deixar de lado esse modo de agir, disse o estudo.

Países que se desenvolvem rapidamente, como Brasil e China, vêm aprimorando a infraestrutura para transportar as colheitas, ganhar acesso aos mercados exportadores e melhorar as instalações de armazenamento, mas precisam evitar os erros cometidos pelas nações desenvolvidas e garantir que sejam eficientes e bem conservados.

Países mais pobres exigem investimentos significativos para melhorar sua infraestrutura, disse o relatório. Por exemplo, a Etiópia está estudando desenvolver uma rede nacional de instalações para armazenamento de grãos que deve custar pelo menos 1 bilhão de dólares.

"Esse nível de investimento será necessário para diversas commodities e em vários países, e os esforços coordenados serão essenciais", disse o relatório.

(Reportagem de Nina Chestney)
10/01/2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O lado B dos transgênicos




Divulgação da Embrapa tenta desmitificar a alteração genética de alimentos como algo nocivo. Estudos e testes no Brasil seguem rígidas normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

Quando se fala em transgênicos, em muitas mentes logo surge a imagem de alimentos totalmente modificados, como uma maçã enorme e vermelha que não apodrece nunca – e que, desconfia-se, deve ser tão envenenada quanto a oferecida a Branca de Neve. A biotecnologia moderna, porém, não só vai muito além das modificações em setores produtivos como agricultura e pecuária, como também está sujeita a políticas e controles de segurança muito rígidos. Basta uma visita aos laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), empresa de pesquisa ligada ao governo federal, para entender o longo caminho percorrido pelos pesquisadores para levar adiante projetos que vão desde plantas geneticamente modificadas para a produção de medicamentos até o desenvolvimento de variedades de alface biofortificadas, com maior teor de ácido fólico.

O receio da população quanto ao tema, especialmente no que se refere aos possíveis riscos à saúde e ao meio ambiente, tem diminuído ao longo dos anos à medida que mais informações científicas são divulgadas, mas a desconfiança ainda é preponderante. De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a partir de um monitoramento no ambiente on-line (como sites, blogs e redes sociais), as avaliações sobre transgênicos passaram de 32% positivas e 68% negativas em 2010 para 48% positivas e 52% negativas em 2012.

O que muitos brasileiros podem não saber é que existe a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), instância colegiada multidisciplinar que estabelece normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvem a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de organismos geneticamente modificados (OGM) e derivados. Foi essa comissão que aprovou, em 2011, o feijão transgênico com resistência ao vírus do mosaico dourado, depois de mais de 10 anos de pesquisa. Primeira variedade geneticamente modificada desenvolvida exclusivamente por instituições públicas de pesquisa no país, o feijão é resistente à pior praga do feijoeiro em todo o Brasil, que gera um prejuízo estimado de 90 a 290 toneladas por ano.

De acordo com o pesquisador Francisco Aragão, o DNA do feijão foi modificado para que produzisse fragmentos do RNA responsável pela ativação da defesa contra o vírus – algo que a planta comum chega a produzir, mas apenas quando o vírus já está instalado. “Atualmente, os produtores controlam a doença com o uso de inseticidas que matam a mosca branca, que transmite o mosaico dourado. Costumo dizer que vírus é como um furo em uma barragem. Se não tampar, ela estoura. É preciso evitar que o vírus se replique já no comecinho. Se não for assim, o bloqueio depois é quase impossível”, explica Aragão. Depois de uma fase de ensaios de cultivo obrigatório, o registro dessa variedade do feijão deve ser realizado em até dois anos. A intenção é que as sementes sejam disponibilizadas para produtores rurais livres da cobrança de royalties.

ÁCIDO FÓLICO

Outro destaque entre os projetos de pesquisa da Embrapa são as variedades de alface com 15 vezes mais ácido fólico, um nutriente importante principalmente na dieta das gestantes. A falta de ácido fólico durante a gravidez pode causar má-formação do tubo neural do feto – estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. Além do impacto na formação do feto, a deficiência de ácido fólico também pode estar relacionada a doenças no sistema nervoso e à depressão em adultos. De acordo com Aragão, foi feita uma alteração na rota metabólica das plantas de alface, que permitem que elas concentrem em 12 gramas cerca de 70% da quantidade diária recomendada de ingestão de ácido fólico em um adulto – as grávidas devem comer o dobro disso. “Se fosse a planta normal, seria preciso ingerir dois pés de alface. As plantas estão prontas e devem passar por ensaio de biossegurança para que seja encaminhado o pedido de aprovação”, explica o pesquisador, que acrescenta que, no país, a farinha é fortificada com ácido fólico, mas a quantidade não é uniformizada no produto.

Também no Cenargen estão sendo desenvolvidas plantas resistentes à estiagem. O pesquisador Eduardo Romano explica que o estresse hídrico (seca) é o principal estresse abiótico no mundo, ou seja, que não está ligado a pragas, fungos, bactérias ou vírus. “A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que será necessário aumentar em até 50% a produção de alimentos até 2030. Além disso, estima-se que 70% da água doce usada no mundo seja destinada à agricultura. É preciso pensar na redução das perdas e também na sustentabilidade”, aponta Romano.

Os primeiros passos foram dados com o projeto Genoma café, iniciado em 2007, em que foram analisados cerca de 30 mil genes da planta. Entre eles, foram identificados e isolados os cinco mais presentes em condições de estresse hídrico e que se adaptaram a essas condições. O gene CAHB12, mais resistente, foi introduzido em exemplares que, em comparação com as plantas naturais, sobreviveram o dobro do tempo sem água, uma média de 40 dias. “Estamos aguardando o processo de aprovação pelo CTNBio e também introduzindo o gene em outras plantas como a soja, algodão, trigo e arroz. Se tudo correr bem, podemos ter variedades comerciais em cinco anos.”

10/01/2013

O papel da Embrapa Agroenergia e a agroenergia da Embrapa


No contexto do Plano Nacional de Agroenergia (PNA 2006-2011) coube à Embrapa coordenar ações institucionais e um programa de PD&I; que otimize processos e matérias-primas atuais e potenciais no Brasil, nas plataformas de etanol, biodiesel, florestas energéticas e resíduos, para a obtenção de biocombustíveis e de co-produtos.

Estas diretrizes estratégicas tem abrangência em três vertentes que implicam no desenvolvimento de tecnologia agrícola, industrial e estudos transversais (socioeconômicos, ambientais, mercado, gestão e elementos para subsidiar políticas públicas), conectando o conhecimento agronômico, o conhecimento industrial e o mercado de energia.

Com base nas diretrizes do PNA foi criada, em 24 de maio de 2006, a Embrapa Agroenergia / Centro Nacional de Pesquisa de Agroenergia -- CNPAE, como uma unidade descentralizada, que atua com visão estratégica do agronegócio e com o enfoque em Inovação Tecnológica das cadeias produtivas de agroenergia.

A Embrapa Agroenergia atua coordenando, executando e integrando redes de pesquisa, nacionais e internacionais, envolvendo gestores e pesquisadores das outras 37 Unidades Descentralizadas da Embrapa e outras instituições parceiras (atuais e potenciais), públicas e privadas.

Em razão dos grandes desafios nacionais para a produção de energia de biomassa, a implantação da Embrapa Agroenergia / CNPAE é uma oportunidade para o Brasil. Trata-se de implementar uma nova forma de gestão, inovando em arranjos institucionais que demonstrem competitividade com cooperação, traduzidos no ajustamento de arranjos tecnológicos (produção de conhecimento novo) e arranjos produtivos (estratégias para uso da inovação).

A Embrapa Agroenergia está em franca implantação temática e operacional, visando adequação técnico-científica do tema Agroenergia, desdobrado nas plataformas de energia de biomassa; formando times de competências em biologia energética, conversão de matérias-primas energéticas, aproveitamento de resíduos para produção de co-produtos e novos materiais, e gestão do conhecimento em agroenergia; e, criando facilidades de infraestrutura, com laboratórios e plantas-piloto para a PD&I;, que conferem à Embrapa, em parcerias estratégicas, excelência para coordenar e executar pesquisa agronômica e em processos de conversão industrial, com visão das cadeias produtivas de agroenergia.

A Embrapa Agroenergia, focada em energia de biomassa, complementa e revigora as estruturas e estratégias para fins energéticos correntes nas Unidades da Embrapa, integrando redes, recursos e competências diferenciadas.

Embasados na comprovada experiência da Embrapa na "agricultura de alimentos", uma sólida parceria interna coloca a Embrapa APTA para contribuir, decididamente, para a "agricultura de energia", e completa o lema estratégico corporativo de "produção de biomassa" e "produção de energia de biomassa".

Frederico Ozana Machado
09/01/2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bolsa Floresta


"Fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada" - o lema move a Bolsa Floresta, uma pioneira experiência de desenvolvimento sustentável no Amazonas. Nela se mostra que a conservação ambiental deve servir às pessoas, ajudando, e não atrapalhando, a promoção humana. Programa exemplar.
Comandado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), organização não governamental criada em 2007, ele conta com o endosso do governo estadual e o apoio financeiro de grandes empresas. Sua área de atuação foca as comunidades tradicionais que vivem dentro das reservas de desenvolvimento sustentável (RDSs), unidades de conservação idealizadas pelo biólogo amazônida Márcio Ayres, posteriormente incluídas na legislação ambiental brasileira. Grande ideia.
As RDSs configuram-se como locais de natureza protegida, mas, ao contrário dos parques e reservas florestais, que se pretendem intactos, nelas se pode manter atividade humana produtiva. As áreas são escolhidas em função de sua valiosa biodiversidade, ou da fragilidade de seu belo ecossistema. Nas RDSs não há necessidade de desapropriação ou remoção dos ocupantes históricos. A regra principal é condicionar a exploração do território às regras de sustentabilidade.
Com ajuda financeira distribuída em quatro componentes - renda, social, familiar e associação -, a Bolsa Floresta trabalha sob o conceito da corresponsabilidade, procurando desenvolver o espírito empreendedor nas pessoas. A ordem é inserir as populações locais nas cadeias produtivas florestais, "empoderando" as comunidades. Cursos e oficinas pedagógicas promovem o aprendizado profissional, direcionado para os negócios sustentáveis.
Atualmente o programa beneficia 8.090 famílias, distribuídas em 15 regiões do Estado do Amazonas. Grupos comunitários e famílias individuais, apoiados pela fundação, descobrem como produzir e preservar ao mesmo tempo, buscando oportunidades na pesca e na piscicultura, no turismo ecológico e de aventura, na exploração madeireira e no artesanato. Novas tecnologias.
Quem me levou para conhecer alguns desses projetos foi o engenheiro florestal Virgílio Viana, superintendente da FAS. Doutor em Biologia da Evolução por Harvard (EUA), esse criativo pesquisador impulsiona na prática, porque na teoria tudo é fácil, o conceito básico da economia verde: no abrigo da floresta amazônica, gerar emprego e renda, para melhorar a qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. Dá gosto de ver.
A RDS do Rio Negro, criada em 2008, estende-se por três municípios - Novo Airão, Iranduba e Manacapuru -, ocupando um território protegido de 103 mil hectares. Em seu interior vivem 526 famílias, distribuídas por 20 comunidades. Nelas se destaca a Tumbiras, que funciona como uma espécie de polo empreendedor das demais. Lá, a 70 km de Manaus, estão instalados os principais equipamentos públicos que funcionam como alicerce do Programa Bolsa Floresta: salas de aula, módulo para o ensino a distância, alojamento dos professores, computadores com internet, refeitório, marcenaria, horta doméstica. Tudo bem arrumado.
Roberto, ex-madeireiro, líder da comunidade, aguardava-nos na escadaria às margens do igarapé. Logo desatou a falar, orgulhoso, sobre o recente progresso do seu chão, destacando o ensino das crianças, as novas perspectivas para os jovens, a energia solar - que exigiu um acerto na comunidade sobre o nível do consumo doméstico de eletricidade, resultando na proibição, vejam só, do uso da "chapinha" de cabelo. Na saúde, tudo mudou quando entraram em funcionamento as três ambulanchas - isso mesmo, ambulanchas - que socorrem a saúde das pessoas naquelas estradas d'água.
Roberto destaca o valor do conhecimento, utilizando o seu próprio caso: "Antes eu não sabia o que significava manejo florestal, agora sei como cortar madeira sem destruir". Vai além. Defende a tese de que sem alternativas para a ocupação das pessoas, sem botar dinheiro no bolso, de nada adianta a fiscalização ambiental, muito menos o belo discurso preservacionista. Encerra a conversa sobre o manejo sustentável da floresta com uma curiosa frase: "As pessoas que moram na comunidade também são árvores". Lapidar.
A Pousada do Garrido, administrada por sua esposa, Nádia, recebeu cerca de cem turistas em 2012, a maioria de estrangeiros. Ligado na internet, o rústico hotelzinho oferece diária completa por R$ 60, incluídos no pacote turístico três refeições, trilha pela mata, passeio de barco e muita conversa mole recheada com "causos" sobre os botos-cor-de-rosa e a curupira, divindade maior da floresta. Encanta qualquer citadino.
Das 28 famílias que moram em Tumbiras, três acabaram de regressar de Manaus. Fugiram da violência urbana, escaparam das drogas, esqueceram o trânsito barulhento. Somente retornaram, porém, porque vislumbraram oportunidades, ter ocupação e ganhar dinheiro no berço da sua origem. Voltaram, também, porque agora podem assistir à televisão e ligar uma geladeira. Mínimo conforto.
Ali perto, dona Raimunda, veterana da comunidade do Saracá, tenciona dedicar-se à piscicultura, criando tambaquis e matrinchãs em tanques-rede. Já o Nelson, da comunidade Santa Helena do Inglês, quer montar uma pousada utilizando a moradia que o Incra teima em lhe construir após finalizar a regularização fundiária do local. Inexiste alternativa: todo mundo ganha casa nova, mesmo que não necessite. Incrível, até nas barrancas do Rio Negro se joga fora o dinheiro da reforma agrária.
Virgílio Viana está convicto de que os antigos paradigmas, ecológico ou militarista, sobre a Amazônia impedem seu desenvolvimento sustentável. A Bolsa Floresta aponta para o futuro.

O Estado de São Paulo
08/01/2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Frutas do Cerrado: nova fonte de renda aos produtores


É crescente mercado consumidor, tanto pelos frutos quanto pelos doces, licores, geleias, musses, sorvetes, sucos, patês, picolés e também artesanato



A preservação e a domesticação das fruteiras do Cerrado são defendidas com unhas e dentes pelo pesquisador da Coordenação de Mestrado da Produção Vegetal da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Nei Peixoto. ph.D. na área de pesquisa agronômica, Nei Peixoto mostra sua indignação com a perda contínua de material genético de primeira do Bioma Cerrado. Esta manifestação contra a indiferença de muitos ocorreu em recente dia de campo sobre fruteiras do Cerrado na Fazenda Córrego das Vacas, em São Miguel do Passa Quatro. O evento reuniu mais de 200 produtores e autoridades do município, numa iniciativa da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO).



Em sua palestra, numa das três estações do dia de campo, o pesquisador lembrou que a jabuticaba pertence ao ecossistema da Mata Atlântica. Domesticados, no entanto, os pomares de jabuticaba se disseminam por vários Estados brasileiros e contribuem para a melhoria de renda dos produtores. 



Em Goiás, por exemplo, o município de Hidrolândia é consagrado pelas jabuticabeiras e a agregação de valor com as geleias, doces, sucos, entre outros produtos de bastante procura no mercado de consumo. “Não podemos perder mais este potencial que o bioma Cerrado nos oferece de graça”, pondera o professor, demonstrando sua preocupação com a destruição das fruteiras nativas neste e em outros Estados.



A preservação e a ampliação dessas espécies nativas do Cerrado são proclamadas como vitais por Nei Peixoto. Para ele, a tendência é a de que os frutos nativos ocupem crescente espaço de comercialização. Ele argumenta que esses frutos são saborosos, possuem alto valor proteico e podem ser transformados em sucos, sorvetes, picolés, geleias, etc. 



Noutros biomas globais inexistem esses frutos e, no Cerrado, elas não exigem adubos. “É claro que num cultivo doméstico podem surgir pragas, mas, no caso, a ciência se encarregará de dar um jeito”, observa, demonstrando que essas fruteiras são dadas pela própria natureza e o homem deve preservá-las.



Da Supervisão de Ação Social da Emater, Janete Soares da Rocha concorda com a manifestação do pesquisador Nei Peixoto. “O potencial de mais uma fonte de renda ao produtor é enorme: geração de empregos, mais alimentos ricos em proteínas e sais minerais”, diz, animada com as perspectivas atuais e futuras das fruteiras nativas do Cerrado. 



Ela confirma que é crescente o mercado consumidor, tanto pelos frutos quanto pelos doces, licores, geleias, musses, sorvetes, sucos, patês, picolés e também artesanato.



O bioma Cerrado foi praticamente dissecado pelo engenheiro florestal Léo Lince do Carmo, da Supervisão de Agroecologia da Emater. “É um dos mais profícuos biomas”, observou, aos participantes do dia de campo, na propriedade de Gilmar Pereira de Souza e Terezinha de Jesus da Costa Souza. 



Léo Lince recomendou aos produtores a preservação dos frutos nativos através de arranjos que envolvam plantas arbóreas e espécies nativas como o pequi, baru, taperebá, cagaita, cajuzinho, murici. Esclareceu ainda que o sistema pode ser feito com outros cultivos. No caso de dúvidas, sugeriu que o interessado procure os escritórios regionais ou locais da Emater, disseminados praticamente em todo o Estado.



Por último, o pesquisador da Embrapa/Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão (CNPAF), sediado em Goiânia, Agostinho Didonet, discorreu sobre o sistema agroflorestal e segurança alimentar. O cultivo silvo agropastoril pode ser intercalado com espécies regionais para proteger o solo, dar sombra e matéria orgânica.


Wandell Seixas
03/01/2013