É crescente mercado consumidor, tanto pelos frutos quanto pelos doces, licores, geleias, musses, sorvetes, sucos, patês, picolés e também artesanato
A preservação e a domesticação das fruteiras do Cerrado são defendidas com unhas e dentes pelo pesquisador da Coordenação de Mestrado da Produção Vegetal da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Nei Peixoto. ph.D. na área de pesquisa agronômica, Nei Peixoto mostra sua indignação com a perda contínua de material genético de primeira do Bioma Cerrado. Esta manifestação contra a indiferença de muitos ocorreu em recente dia de campo sobre fruteiras do Cerrado na Fazenda Córrego das Vacas, em São Miguel do Passa Quatro. O evento reuniu mais de 200 produtores e autoridades do município, numa iniciativa da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO).
Em sua palestra, numa das três estações do dia de campo, o pesquisador lembrou que a jabuticaba pertence ao ecossistema da Mata Atlântica. Domesticados, no entanto, os pomares de jabuticaba se disseminam por vários Estados brasileiros e contribuem para a melhoria de renda dos produtores.
Em Goiás, por exemplo, o município de Hidrolândia é consagrado pelas jabuticabeiras e a agregação de valor com as geleias, doces, sucos, entre outros produtos de bastante procura no mercado de consumo. “Não podemos perder mais este potencial que o bioma Cerrado nos oferece de graça”, pondera o professor, demonstrando sua preocupação com a destruição das fruteiras nativas neste e em outros Estados.
A preservação e a ampliação dessas espécies nativas do Cerrado são proclamadas como vitais por Nei Peixoto. Para ele, a tendência é a de que os frutos nativos ocupem crescente espaço de comercialização. Ele argumenta que esses frutos são saborosos, possuem alto valor proteico e podem ser transformados em sucos, sorvetes, picolés, geleias, etc.
Noutros biomas globais inexistem esses frutos e, no Cerrado, elas não exigem adubos. “É claro que num cultivo doméstico podem surgir pragas, mas, no caso, a ciência se encarregará de dar um jeito”, observa, demonstrando que essas fruteiras são dadas pela própria natureza e o homem deve preservá-las.
Da Supervisão de Ação Social da Emater, Janete Soares da Rocha concorda com a manifestação do pesquisador Nei Peixoto. “O potencial de mais uma fonte de renda ao produtor é enorme: geração de empregos, mais alimentos ricos em proteínas e sais minerais”, diz, animada com as perspectivas atuais e futuras das fruteiras nativas do Cerrado.
Ela confirma que é crescente o mercado consumidor, tanto pelos frutos quanto pelos doces, licores, geleias, musses, sorvetes, sucos, patês, picolés e também artesanato.
O bioma Cerrado foi praticamente dissecado pelo engenheiro florestal Léo Lince do Carmo, da Supervisão de Agroecologia da Emater. “É um dos mais profícuos biomas”, observou, aos participantes do dia de campo, na propriedade de Gilmar Pereira de Souza e Terezinha de Jesus da Costa Souza.
Léo Lince recomendou aos produtores a preservação dos frutos nativos através de arranjos que envolvam plantas arbóreas e espécies nativas como o pequi, baru, taperebá, cagaita, cajuzinho, murici. Esclareceu ainda que o sistema pode ser feito com outros cultivos. No caso de dúvidas, sugeriu que o interessado procure os escritórios regionais ou locais da Emater, disseminados praticamente em todo o Estado.
Por último, o pesquisador da Embrapa/Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão (CNPAF), sediado em Goiânia, Agostinho Didonet, discorreu sobre o sistema agroflorestal e segurança alimentar. O cultivo silvo agropastoril pode ser intercalado com espécies regionais para proteger o solo, dar sombra e matéria orgânica.
Wandell Seixas
03/01/2013
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