O município de Canindé do São Francisco já foi um grande produtor de maracujá, tendo alcançado, há cerca de 10 anos, uma área plantada de aproximadamente 40 hectares | |
Problemas com pragas e doenças, além do baixo valor pago pelo mercado na época, fizeram a maioria dos produtores desistirem do cultivo da fruta. Hoje, os irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (Cohidro), incentivados pela assistência agronômica da Empresa, retomam o cultivo da planta com perspectivas de superação do status anterior, aumentando índice de produção.
Segundo o engenheiro agrônomo Remi Bastos, especialista e responsável pelas ações fitossanitárias na Cohidro, o maracujá em Canindé sofreu com a decadência de seu cultivo no passado, reunindo diversos fatores. “No geral, foi a falta de habilidade no manejo da cultura, tais como, tratos culturais, fitossanitários, manejo de irrigação e mercado, fizeram com que a exploração da mesma fosse interrompida”, esclareceu, assinalando que os problemas encontrados no passado e os atuais, podem ser superados com o apoio técnico necessário, usando os insumos corretos. “As ocorrências de pragas consideradas preocupantes para a cultura, compreendem a lagarta dione, percevejos e ácaros, que encontram-se controlados. Entre as doenças, a bacteriose mancha oleosa, a verrugose e a antracnose, sendo esta última comum, principalmente, em frutos em estádio de maturação ou quando em contato com o solo”, enumerou o agrônomo Remi Bastos, ressaltando a importância da assistência técnica oferecida pela equipe da Cohidro no Perímetro, desenvolvendo um trabalho de acompanhamento do cultivo em Canindé, através do manejo integrado de pragas e doenças no maracujazeiro. O irrigante do Perímetro Califórnia, Geovani Barros, usou sua experiência com cultivo do maracujá na Bahia e apostou no plantio de dois hectares em Canindé. A cultura recebeu adubação de fundação e de cobertura, além dos tratos culturais necessários, sendo as aplicações de insumos realizadas com orientação técnica. “O início da colheita ocorreu aos sete meses de idade do plantio, tendo-se obtido até o momento uma produção de aproximadamente 10 toneladas por hectare”, revelou o produtor que tem como expectativa, para o segundo ano, conseguir uma produção em torno de 25 a 30 toneladas de maracujá por hectare, aumento natural conforme as plantas adquirem mais maturidade. Foi na área de Geovani, que o especialista Remi Bastos encontrou a incidência da bacteriose mancha oleosa, causado pela bactéria Xanthomonas campestris pv. passiflorae, que se aproveita do clima quente do semiárido somado à umidade gerada pelo excesso de irrigação. “A doença ataca as folhas iniciando pelas suas extremidades que se tornam secas, os frutos ficam apodrecidos, alem dos ramos que secam, até matar a planta por completo. A doença é de difícil controle químico depois de totalmente instalada na cultura, mesmo porque são escassos os produtos com registro para o controle desta bacteriose. O que está sendo recomendado ao produtor, além das medidas de controle através o uso de antibióticos associados a fungicidas cúpricos, é a construção de barreiras altas, a exemplo de capins que protegem as plantas de maracujá da incidência de ventos”, explicou o agrônomo da Cohidro, que já prescreveu os devidos cuidados que o agricultor deve tomar com a praga. “O combate à bactéria é feito com aplicações de sulfato de cobre mais um antibiótico à base de oxitetraciclina, um bactericida e fungicida faixa azul, considerado de toxidade leve. No entanto, o sucesso no uso de um produto depende primeiramente da forma como é aplicado, ou seja, existem regras como o horário que é feita a pulverização, a humidade do ar, temperatura e velocidade dos ventos, bem como a habilidade do aplicador. De preferência, devem-se realizar as aplicações nos horários em que o sol esteja ameno, tais como pela manhã cedo ou no final de tarde,” ensinou Remi Bastos, alertando também sobre a importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Consórcio de culturas Remi explica ainda que o consórcio de culturas resulta em aproveitar o mesmo terreno, por duas ou mais culturas diferentes, na mesma época e que o plantio do maracujá em espaldeiras verticais permite que o espaço entre as linhas seja utilizado para introdução de outras culturas consorciadas, como árvores frutíferas de pequeno porte, o milho, o feijão outras leguminosas para a adubação verde. “É uma vantagem para o agricultor que aproveita melhor a água utilizada na irrigação e obtém mais lucratividade”, pontuou Remi Bastos, usando o exemplo do produtor Geovani Barros, que introduziu a acerola como planta consorciada aos maracujazeiros e que obteve sucesso.
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Agricultores do Sergipe retomam cultivo de maracujá
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