quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O mundo precisa de OGM?


Dentro de trinta anos, a quantidade de habitantes do nosso planeta aumentará em dois bilhões de pessoas. Durante esses anos, de acordo com as previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), será necessário aumentar o volume de alimentos em 70%


Uma questão por resolver está na ordem do dia: a comida orgânica limpa será suficiente para todo o mundo ou a crescente população da Terra só poderá ser alimentada recorrendo a organismos geneticamente modificados (OGM)?



Muitos cientistas associam o problema da fome não à carência de produtos, mas à deficiente distribuição dos alimentos. Os geneticistas não concordam: não há alimento suficiente e o mundo deve começar a usar ativamente os OGM. Essa disputa não consegue ter fim. Os adversários dos OGM estão seguros de que qualquer país que comece a consumir ativamente produtos não-orgânicos se tornará num campo de experiências. Pois os efeitos dos alimentos geneticamente modificados no organismo humano ainda não foram estudados, explica a diretora da Associação Nacional para a Segurança Genética Elena Sharoikina:



“Duas ou três décadas são um instante para a humanidade e nós ainda não podemos tirar conclusões válidas. Nós temos informações de que os OGM têm efeitos extremamente negativos nos ratos e nos hamsters, sobretudo nas suas funções reprodutivas.”



Mas também existe a opinião que as novas tecnologias, pelo contrário, protegem-nos das doenças. Esta é a opinião do diretor do departamento de regulação técnica da União de Grãos da Rússia Oleg Radin:



“Na produção agrícola tradicional são usados de 14 a 20 produtos químicos venenosos no seu tratamento. Tudo isso é incluído nos alimentos que consumimos. Para produzir plantas GM são necessários de 1 a 3 produtos químicos venenosos, ou seja elas resultam menos tóxicas por acumulação. Ainda por cima aqui se trata de aumentar as colheitas até 30%. Os OGM podem ser comparados à energia nuclear que pode ser tanto para o bem como com fins negativos.”



Segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Biotecnológicas Agrícolas (ISAAA), hoje mais de 150 milhões de hectares de terras estão semeadas com culturas geneticamente modificadas. Os maiores campos se situam nos Estados Unidos, na Argentina, no Brasil e na China. São comercializados não só os produtos finais, mas também as tecnologias patenteadas, as sementes preparadas e os produtos químicos de acompanhamento dos diversos pesticidas que devem ser usados nos campos. Mas também os produtores da chamada linha pura ganham muito dinheiro. Está na moda por todo o mundo levar um modo de vida saudável. Este pressupõe, naturalmente, o consumo de produtos orgânicos enriquecidos com vitaminas e não submetido a tratamentos químicos.



As pessoas estão dispostas a pagar muito dinheiro por legumes e frutas naturais, refere o presidente da Associação Nacional para a Segurança Genética russa Alexander Baranov:



“Apesar da crise alimentar, a venda dos produtos biológicos continua ao mesmo nível e tem procura. Na Alemanha, por exemplo, um terço da população só consome desses produtos. Na Rússia a procura também é enorme e esses produtos são mais frequentemente comprados nos mercados do que nas lojas.”



Ou seja, na sua essência, os geneticistas e os agricultores biológicos dividiram as suas esferas de influência. Os primeiros alimentam os países pobres, enquanto os segundos alimentam aqueles que não enfrentam problemas de carência alimentar. Só que há cada vez mais famintos. Além disso, nos países de economia em crescimento falta alimento para o gado e, por enquanto, a aposta é feita nos OGM por mais que resistam a essa tendência os amantes do modo de vida saudável.


03/01/2013

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