terça-feira, 29 de janeiro de 2013

“Não haverá desenvolvimento sustentável enquanto existir fome”, diz FAO


“Não haverá desenvolvimento sustentável no mundo enquanto milhões de pessoas passarem fome”, destacou no último sábado (26-01) o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, referindo-se ao tema central que analisam os presidentes y chefes de Estado de toda a Região e da União Europeia reunidos na Conferência CELAC-UE, na cidade de Santiago, no Chile.


“Os países aqui reunidos têm a oportunidade de manifestarem claramente seu apoio a esta mensagem e de proporem juntos caminhos em direção a um futuro sustentável, ambiental, social e economicamente mais justo, que é o que todos nós queremos”, acrescentou o Diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).


Cerca de 60 países da América Latina e Caribe e da Europa participam da Conferência CELAC-UE, que acontece de 26 a 28 de janeiro. Este importante encontro visa avançar no aprofundamento das relações entre os países e na construção de uma aliança estratégica para o desenvolvimento sustentável.


A segurança alimentar é um tema prioritário na agenda oficial da CELAC, e nos últimos anos tem sido preocupação constante na agenda regional e mundial. Neste sentido, Graziano relembrou a declaração que os presidentes do MERCOSUL fizeram, em dezembro de 2012, apoiando expressamente o Desafio de Fome Zero das Nações Unidas, lançado pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, durante a Conferência Rio+ 20, e que reconhece a segurança alimentar como um direito humano que deve ser garantido a todos e todas.


“A pobreza e a fome que sofrem um país afetam a seus vizinhos, já que impede o desenvolvimento da Região como um todo. É um desafio que transpassa as fronteiras e deve ser enfrentado no seu mais alto nível, como o que está sendo durante a CELAC”, ressaltou Graziano. “A América Latina e o Caribe entenderam isso, sendo a primeira Região a assumir o desafio de erradicar a fome, não somente diminuí-la, ao lançar a Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome em 2025”, destacou. 


Graziano da Silva ressaltou a grande quantidade de iniciativas que surgiram na Região como o Fome Zero no Brasil e a Cruzada contra a Fome no México, lançada esta semana, e que atenderá a mais de 7,4 milhões de mexicanos que sofrem de pobreza extrema e insegurança alimentar. “Quando um país decide dizer ´não´ a fome, os avanços que se podem alcançar são surpreendentes”, apontou o Diretor Geral da FAO.


Graziano também destacou a entrada de Antigua e Barbuda no Desafio Fome Zero das Nações Unidas. O Fome Zero em Antigua e Barbuda já conta com o apoio total da FAO, além das outras agências como o PMA, Banco Mundial, IICA, CEPAL, OPS/OMS, UNICEF, além da Comunidade do Caribe (CARICOM).


América Latina na vanguarda da luta contra a fome


A Região da América Latina e Caribe se converteu em uma referencia mundial na luta contra a fome. Cabe destacar que nos últimos 20 anos, 16 milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome. Em 1990-1992 a fome afetava 14,6% da população, ou seja, 65 milhões de pessoas. Já no período 2010-2012, este mal afetou somente 8,3%, ou seja, 49 milhões de pessoas. Neste último período mencionado (2010-2012), somam-se os significativos avanços de legislações. Atualmente, sete países da Região já contam com leis de segurança alimentar ou soberania alimentar, enquanto outros 10 estão legislando sobre esta matéria. 


A fome na Região é essencialmente um problema de acesso aos alimentos e não de disponibilidade. Segundo Graziano, “América Latina e Caribe, com uma população de 600 milhões de pessoas, produz alimentos suficientes para abastecer a 750 milhões de pessoas. Com certeza, 49 milhões delas passam fome”, disse.


A Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025 tem dado forte apoio a este processo promovendo a luta contra a fome e promoção do direito à alimentação por meio de ações como a Frente Parlamentar contra a Fome, que já existe em mais de 14 países.


Luta contra o desperdício de alimentos


“Um mundo sustentável não somente requer que a produção seja sustentável, mas que o consumo também o seja”, afirmou o Diretor Geral.


Graziano da Silva explicou que em todo o mundo se desperdiça um terço do total de alimentos produzidos. Ele destacou que se o desperdício fosse evitado “seria possível alimentar a todos os famintos e que ainda sobrariam alimentos”.


Na América Latina e Caribe, as perdas e o desperdício de alimentos no âmbito da produção para o varejo alcançam os 200 kg per capita por ano. No âmbito do consumidor, são desperdiçados 25 kg per capita por ano. Em cereais, se perdem 30% do que é produzido, 40% das raízes e tubérculos, 55% das frutas e verduras, 20% dos produtos à base de carne e quase 30% dos pescados e mariscos e, mais de 20% dos produtos lácteos.


29/01/2013

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